Escola de Pescadores de Macaé: um projeto visando o futuro

09/08/2005 11:30:17 - Jornalista: Maria Izabel Monteiro

Criada em maio de 2003 pela prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação, a Escola Municipal de Pescadores de Macaé foi um dos benefícios que a administração municipal trouxe para a Barra de Macaé, uma comunidade onde a pesca sempre movimentou a economia. É um projeto que se destaca e que visa preparar o município para o futuro, valorizando a pesca, uma atividade que sempre foi forte em Macaé.

No atual governo, a Escola continua em atividade e crescendo, funcionando nas dependências do Iate Clube. Sua implantação aconteceu depois do acordo de cessão da área, que passou por reformas. Funciona em tempo integral, de 7h30 às 17h, com seis turmas e atendendo a 180 alunos, de 11 a 16 anos, e que cursam de 5ª, 6ª e 7ª série do Ensino Fundamental, com proposta de Ensino Técnico. Na Escola trabalham 52 professores e 33 outros profissionais, como os da área administrativa, serventes e merendeiras.

Os alunos estão acomodados em seis salas de aula, com 30 alunos por turma. À noite, a escola atende à Educação de Jovens e Adultos - EJA - com 90 alunos em cursos de alfabetização, 1ª a 4ª séries e Telecurso de 5ª a 8ª, onde estudam alguns pescadores, donas de casa e outras pessoas da comunidade.

A Escola Municipal de Pescadores de Macaé é a primeira Escola Técnica de Ensino Fundamental do País. É, também, a segunda Escola de Pescadores: a primeira funciona no município de Piúma (ES).

Ao criar a Escola de Pescadores, o município visou formar bases sólidas no setor pesqueiro para fortalecer a economia, preparando o município para o futuro. O objetivo é oferecer aos filhos de pescadores a oportunidade de se qualificarem para o exercício da atividade pesqueira, que começava na faixa de onze anos de idade dos meninos, de forma artesanal. Na Escola de Pescadores, os alunos estão sendo preparados para atuar nas diversas etapas da cadeia produtiva, oportunidade que se estende à sociedade em geral. Se o aluno não optar pela profissão de pescador, estará apto a exercer outra função na área.

Segundo a diretora, professora Tânia Maria Martins Pacheco, a Escola passou por reforma este ano, para melhor atender aos estudantes e tem como um dos objetivos a conscientização ecológica, preparando os alunos para a vida numa cidade auto-sustentável.

A Escola oferece as disciplinas normais do Ensino Fundamental e, ainda, a oficina de construção naval, onde aprendem a construir barcos e outros apetrechos de pesca. Toda quinta-feira, acontecem as oficinas práticas, onde aprendem a criação de peixes ornamentais, culinária, organização e criatividade para o trabalho. Os alunos têm também aulas de teatro e capoeira.

O Laboratório de Ciência e Ecologia já está montado para o estudo dos tipos de seres vivos, que compõem a fauna aquática – peixes, crustáceos, moluscos, entre outros - e efetuar experimentos com plantas ligadas à vegetação de restinga, e de manguezais, onde se encontra o alimento natural dos peixes e de outros animais dos diversos ecossistemas. Até agora, os estudantes usavam um laboratório móvel. Outra novidade é o Barco-Escola Nário Madalena, que é utilizado para aulas semanais de navegação, onde as turmas têm aulas teóricas e práticas sobre a arte de navegar e fazem o monitoramento da água do rio.

A Escola, em tempo integral, oferece aos alunos café da manhã, almoço, lanche da tarde, tudo servido no refeitório. A Biblioteca está sendo remontada pelos alunos e conta com vários livros específicos, mas está aberta para receber doações da comunidade.

Parceria com o NUPEM/UFRJ
O Núcleo de Pesquisas Ecológicas em Macaé- NUPEM/UFRJ, voltado a estudos dos ecossistemas da região, tem participação fundamental no Projeto Escola de Pescadores, sendo o responsável pelo suporte técnico. O objetivo é que a Escola seja um laboratório de Ensino e Pesquisa das áreas da UFRJ, que trabalham com o mar, rios e berçários aquáticos, funcionando como uma espécie de colégio de aplicação na área de meio ambiente. O professor Francisco Esteves, do NUPEM, destacou a parceria com a UFRJ: “É uma parceria com a prefeitura, através do NUPEM, coligado ao Instituto de Biologia , e que conta ainda com a COPPE – Coordenação de Programas de Pós Graduação em Engenharia. A participação da Universidade segue o critério de sempre estar presente, onde houver demanda dos conhecimentos que ela detém”, acrescenta.