Mapeamento contribui para o fim da violência contra a mulher

20/04/2017 15:38:00 - Jornalista: Equipe Secom

Foto: Arquivo Secom

Rede de assistência garante amparo a mulheres vítimas

Os trabalhos de prevenção à violência contra a mulher em Macaé são contínuos. Uma das ações é desenvolvida pelo Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que atua estudando os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, que ajudam na elaboração de políticas públicas para as mulheres.

A psicóloga Maria Lusia Sarubi de Mello, do Programa Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde, relata que as consequências da violência podem gerar agravos à saúde física e mental. "A cultura machista é opressora para homens, mulheres e crianças, provoca e perpetua todos os tipos de violência e adoecimento de toda a família", diz, acrescentando que a violência atinge todas as classes sociais, religiões, raças e graus de instrução.

O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher trabalha com ferramentas como palestras, distribuição de cartazes, folderes e outros, para a sensibilização da população para a seriedade dessa questão. De acordo com os dados do Sinan/DIAD/Macaé, atualizados em março deste ano, por faixa etária e ano de ocorrência, de 2008 a março de 2017, foram notificados 6.328 casos de violência, sendo 1.003 contra o sexo masculino e 5.325 contra o sexo feminino, mostrando ainda que de 2014 a 2016 a violência se acentuou: 2014 – masculino: 206, feminino:1.003; 2015 – masculino 216, feminino:1.006 e 2016 – masculino: 173 e feminino: 893.

As notificações mostram que os cônjuges (1.908) e ex-cônjuges (926) são os maiores agressores, com acréscimo acentuado de 2014 a 2016. Em relação à faixa etária com maior índice de notificação de violência, os dados mostram que acontece mais em mulheres na faixa reprodutiva, que vai de 20 a 29 anos (632) e 30 a 39 anos (665), e também nas adolescentes de 15 a 19 anos, com 85 casos. Os dados do Sinan registram também casos de violência praticados por namorados e ex-namorados, evidenciando que a violência é maior em casos de parceiros íntimos.

No município, as agressões não estão restritas a nenhuma área. Ocorrem em vários bairros e também na região serrana. De 2008 a março de 2017, o bairro com maior notificação foi o Lagomar, com 629 casos, mas no ano 2016, as notificações vêm reduzindo, devido ao trabalho realizado pelo Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) e pelo Programa Estratégia Saúde da Família.

Os dados coletados permitem ao município elaborar e colocar em prática programas e projetos, traçar estratégias de prevenção à violência, num trabalho de rede que prevê desde o estabelecimento do contato, acolhimento, buscando entender e romper esse círculo de violência psicológica, moral e física.

Coordenando o Ceam, a advogada Jane Roriz destaca que a violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública, uma violação dos direitos humanos e da liberdade. “O olhar sobre a prevenção é de suma importância. Os dados do Dossiê Mulher, Dossiê da Criança e do Adolescente e os do Sinan são instrumentos de mapeamento da violência para o embasamento de argumentos que facilitem a elaboração de políticas públicas para a prevenção e a repressão qualificada aos crimes contra a mulher”, finaliza Jane Roriz.