'Morte' é tema da 16ª Semana de Museus

11/05/2018 10:01:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Rogério Peccioli /Arquivo Secom

Solar dos Mellos sedia eventos gratuitos de segunda (14) a quinta-feira (17)

Macaé participa da 16ª Semana de Museus - Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos, com um tema singular e que desperta a curiosidade de muitos: "A morte e o morrer na antiga Macaé". De segunda-feira (14) a quinta-feira (17), uma programação com início às 19h, com o título ‘A morte conta a vida na memória da antiga Macaé’ levará pesquisadores, expositores fotográficos e poetas ao Solar dos Mellos/Museu de Macaé para se expressarem sobre as formas de contribuição dos símbolos fúnebres para o conhecimento sobre a história. Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público em geral.

O título ‘A morte conta a vida na memória da antiga Macaé’ faz alusão ao livro da pesquisadora Maria da Conceição Vilela Franco. Nos dois primeiros capítulos, a obra apresenta o estudo da formação da freguesia de Nossa Senhora das Neves do Sertão de Macaé, em fins do século XVIII, da projeção econômica e do adensamento populacional nos primeiros anos do século XIX que conduziriam à criação da vila de Macaé e progressiva transformação em cidade durante o período imperial. Neste cenário, antigas sepulturas e cemitérios tanto da área urbana, quanto na Serra são apresentados. Passando pelo Segundo Reinado, o livro reconstitui o processo de prisão, condenação e enforcamento de Motta Coqueiro, conhecido como a Fera de Macabu, por meio de pesquisa científica histórica.

O ponto culminante do trabalho é a argumentação em torno do epitáfio presente na sepultura de Argeo Victor Hugo Brazil, no cemitério de Barra do Sana (1910), e a sua relação direta com o jazigo de Honório Souza, no cemitério de Óleo-Glicério, um mês após. A história por trás destes registros revela uma trama política pela hegemonia do poder na região e em Macaé. As lápides apontam para o acirramento das rivalidades entre as diferentes facções republicanas nos distritos macaenses. A disputa entre os grupos políticos se acentuou especialmente a partir de um acordo firmado pelo Estado do Rio de Janeiro com São Paulo e Minas Gerais de sobretaxa sobre o café fluminense, a partir de 1907, conhecido como ‘Convênio de Taubaté’, que selou um racha definitivo entre os grupos republicanos.

Estas e outras histórias sobre Macaé, a Região Norte Fluminense e suas curiosidades serão apresentadas em palestras, por pesquisadores, por estudantes de fotografia e por poetas. Na oportunidade, a Secretaria Municipal de Cultura abrirá o museu de Macaé também para divulgar o trabalho de digitalização e de preservação de acervo histórico que vem sendo realizado através do programa municipal de Educação Patrimonial. “O Instituto Brasileiro de Museu (Ibram) pretende incentivar neste ano a via tecnológica, o que inclui os investimentos em digitalização e preservação de acervos e a conexão entre os museus e com novos públicos. Assim, vamos aproveitar para divulgar o nosso programa”, diz a pesquisadora.

Conceição Franco é doutoranda em História, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e Macaé (Fafima) e historiadora do Museu Solar dos Mellos. Durante sua pesquisa, ela descobriu 19 cemitérios na região. O seu trabalho abrangeu especialmente os cemitérios de Santana, no Morro de Santana, e de Nossa Senhora do Rosário e do Santíssimo, na Imbetiba. O Solar dos Mellos está localizado na Rua Conde de Araruama, 248, no Centro. Informações pelo telefone: (22) 2759-5049.

Programação

14/5 às 19h

- Abertura com Mostra Iconográfica “A morte e o morrer na antiga Macaé” ao som de réquiem.

- Recital de poesias “De Lá pra Cá”.

- Lançamento do livro de poesia “Deixa a vida pulsar”, de Aurora Ribeiro Pacheco e Felipe Macedo, com a participação das Cigarras de Macaé (poesias publicadas em Macaé nos séculos XIX e XX).

15/5 às 19h – Palestra “Roteiro para a morte: um olhar sobre o Rio de Janeiro”, da Mestre em História pela UniRio, Aryanne Faustina Ferreira dos Santos (testamentos do período colonial).

16/5 às 19h – Palestra “A morte conta a vida nas memórias da antiga Macaé”, da doutoranda em História, professora da Fafima e historiadora do Museu Solar dos Mellos, Conceição Franco.

- Exposição “Imagens e fotografias da morte”, de alunos do professor de fotografia João Barreto, Faculdade Salesiana/Macaé.

17/5 às 14h30 - Encerramento – Visita guiada ao Cemitério de Santana, pelo coordenador de Educação Patrimonial do Museu Solar dos Mellos, Bruno Rodrigues.

19h - Performance “A poesia vence a morte”, pelo professor Ms. Gerson Dudus, da Secretaria Municipal de Cultura de Macaé.