Abdias Nascimentos e Histórias de África foram temas da Semana da Consciência Negra

19/11/2009 17:30:31 - Jornalista: Andréa Lisboa

Asfaltamento de ruas, obras diversas e a conseqüente mudança de itinerário de ônibus, além de montagem de palanque para shows são as causas das intervenções que a Mobilidade Urbana/Mactran realiza no trânsito da cidade.

Estudantes do Ensino Médio, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da pós-graduação em “Afrocartografias” da faculdade pública municipal, a FeMass, e professores também da rede municipal de ensino tiveram a oportunidade de conhecer mais a cultura africana, através de histórias e lendas, e também da literatura infanto-juvenil voltada para a valorização dos afrodescendentes. Além disso, muitos da plateia foram apresentados a um dos mais importantes personagens da história contemporânea, Abdias Nascimento.

O grupo Historiarte da Secretaria de Educação, que às 19h do dia 25, também no auditório da Cidade Universitária, irá realizar o “III Encontro de Contadores de Histórias de Macaé”, com o tema “Onde um rio de gente se encontra com um mar de histórias”, apresentou seu trabalho preparado para o evento “Junho com Histórias”, com o título "Histórias de África e do Brasil".

Uma das coordenadoras do grupo, Margarida Barcelos, disse que histórias relacionadas à diversidade cultural e ao respeito às diferenças estão no repertório do grupo e são apresentadas mensalmente aos alunos da rede municipal de ensino que visitam com as escolas a Casa dos Contadores de Histórias da Secretaria de Educação. O grupo também se apresenta nas unidades de ensino, em hospitais, em asilos e em shopping.

Margarida pontuou que para esse encontro foram selecionadas histórias mais direcionadas para adolescentes e jovens: “Oyá-Iansã” e “Eparei Iansã”, de Pierre Verger; “Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado; “Bulunga, o rei azul”, de Pedro Bloch; “Dois amigos”, de Beatrice Tanaka e “O primeiro homem”, de José Arrabal.

Logo após a “contação”, a jornalista Sandra Almada iniciou sua palestra abordando a importância da Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da temática História e Cultura Afrobrasileira, para o resgate das referências de um povo. “Para se evoluir e preciso conhecer sua história e se orgulhar dela. A forma como a história é contada sempre privilegiou as pessoas ligadas à elite. Por isso, muitos ainda não conhecem Abdias Nascimento, dramaturgo, ator, artista plástico, escritor e ativista negro”, disse.

Sandra ressaltou a relevância de Abdias Nascimento para o Movimento Negro, tanto nacional, quanto internacional e também seu protesto contra o elevado índice de homicídios de jovens negros no país. “Para ele, o racismo é a maior forma de opressão, porque mantém na miséria milhões de pessoas”, salientou Sandra. Ela disse, ainda, que entre os muitos militantes contra o racismo influenciado por Abdias Nascimento está MV Bill, um dos convidados da Educação para a Semana da Consciência Negra, após ler seu livro “O Negro Revoltado”.

Criador do Teatro Experimental do Negro, Abdias Nascimento revelou talentos nacionais. Em seus espetáculos os negros não ficavam em segundo plano na cena, ou com os papéis cômicos, eles conquistavam seus espaços nessa arte. As peças eram encenadas por trabalhadores que muitas vezes tinham que ser alfabetizados pela companhia de teatro para ganharem seus textos, abrindo novas perspectivas sociais. Um pouco do trabalho do ativista foi apresentado à plateia por meio de um documentário no qual Abdias era entrevistado.