Ações do Rio Rural/GEF diminuem queimadas do solo na Bicuda e Serra da Cruz

16/03/2009 11:05:57 - Jornalista: César Dussac

Com visitas diárias de orientação aos pequenos produtores da agricultura familiar, técnicos do programa Rio Rural/GEF - uma parceria entre a prefeitura e o governo do estado - conseguiram implantar novas técnicas no cultivo do solo e diminuir, acentuadamente, a prática das queimadas nas regiões das micro-bacias da Bicuda e da Serra da Cruz.

Segundo os técnicos João Flores – engenheiro agrônomo da subsecretaria de Agricultura, vinculada à secretaria de Desenvolvimento Econômico, e Marcos Peruzzi e José Carlos, ambos da Emater/RJ - as visitas têm o caráter de acompanhamento do trabalho de implantação dos subprojetos (100 ao todo, 50 em cada região), integrantes dos projetos técnicos do programa Rio Rural/GEF.

- Os projetos técnicos do programa visam à sustentabilidade permanente das áreas produtoras e dos moradores, por intermédio da utilização de novas técnicas agrícolas e com a preservação do meio ambiente, sem a utilização de pesticidas e agrotóxicos, produção orgânica. No preparo da terra, ensinamos a adubação orgânica, feita com esterco de animais, e a adubação verde, feita com leguminosas. A visão técnica evita as queimadas, porque este procedimento empobrece a terra pela perda de grande quantidade de nutrientes, que somem no ar. Se a queimada for muito intensa, tanto pelo ponto de vista do calor quanto da duração, o resultado é a destruição dos micro-organismos do solo”, explicou João Flores.

- Para conseguirmos a implantação dessas novas técnicas agrícolas, buscamos a motivação dos agricultores, a aceitação dos novos procedimentos e a participação das famílias na execução. Estamos colhendo os frutos de um programa de parceria entre o governo Sérgio Cabral - com a gerência do secretário de estado de Agricultura Christino Áureo - e o governo do prefeito Riverton Mussi, que nos tem dado total apoio em equipamento e pessoal”, disse Marcos Peruzzi.

José Ouverney, o Zé do Inhame, assentado na Bem Dizia (Bicuda Grande) vende seus produtos na feira de Macaé e em Friburgo. Ele aduba a terra (seis mil hectares, 60 mil metros quadrados) com esterco de aves e rama de aipim.

- Apesar dos companheiros me chamarem de Zé do Inhame, o fato é que diminuí o cultivo desse legume, para plantar de tudo: jiló, berinjela, abobrinha, tomate, rabanete, nabo, feijão, aipim. Conto com o apoio do programa, que já me forneceu recurso financeiro, que empreguei na propriedade. O benefício é bom, mas o que manda são as condições do tempo. Em época de muita chuva, praticamente se perde tudo. As orientações do engenheiro agrônomo da prefeitura são muito importantes pra mim. Sei que queimar não é a solução ideal. Uso a rama do aipim, como adubo vegetal. É o melhor adubo orgânico, na minha opinião”, disse Zé do Inhame.

Roberto Tinoco, o Betinho, outro assentado da Bem Dizia, tem como principal característica a criação de gado para corte e cavalos e jumentos. “Acredito no programa Rio Rural/GEF. Acho que ele tem condições de resolver esse problema do Córrego D’Antas, que sobe seis metros quando chove muito. Agora, vou plantar feijão, com recursos do programa. A prefeitura tem nos ajudado muito com equipamentos para tratar a terra e os ensinamentos do engenheiro João Flores, que está sempre aqui, nos orientando”, afirmou.

Aldemir Nogueira, seu Vivifo, nascido e criado na Bicuda, outro assentado na Bem Dizia (há dez anos) e sua esposa Creuza Nogueira estão colhendo aipim e inhame.“De março a junho, vamos plantar feijão e milho. A colheita atual, de aipim e inhame, não foi muito boa, devido às chuvas. O programa distribuiu 130 quilos de feijão e cada produtor pegou o necessário para a área a ser plantada. Já recebemos recurso financeiro do programa e contamos sempre com as orientações do seu João Flores”, disse Vivifo.
Segundo Marcos Peruzzi, o projeto do casal é beneficiado pelo Rio Rural/GEF em termos de proteção de nascentes, que merecem atenção do programa, porque engrossam as águas do rio D’Antas, o que beneficia a todos os produtores da região.

O bioquímico José Carlos integra o programa como orientador dos produtores no que diz respeito à conservação do meio ambiente. “Temos ensinado que a queima do solo deve ser evitada, porque traz mais prejuízos do que benefícios. Seu Aldemir já tem consciência ecológica anterior à existência do programa. Passou por todas as fases: foi procurado, incentivado, motivado e se tornou membro do Comitê Gestor de Bacias (Cogem), um grande colaborador do programa”, observou.