Alunos do Art Luz comemoram vitória no Brasileiro de Capoeira

08/10/2008 09:30:04 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Vinte alunos de capoeira do Programa Art Luz venceram o I Campeonato Brasileiro da Associação Brasileira de Mestres de Capoeira (Abramcap). O evento ocorreu no mês de setembro, no Ginásio do Juquinha, em Macaé. Os alunos conseguiram o troféu de primeiro lugar na categoria grupo, competindo com capoeiristas de São Paulo, Rio de Janeiro e São Gonçalo.

Os vencedores são aprendizes do professor Valdemir Basílio Miguel, conhecido como Kiko, que ministra aulas na Associação de Moradores do Parque Aeroporto (Ampra). As aulas são realizadas às segundas, quartas e sextas-feiras, às 18h e 19h30, com 84 alunos inscritos na turma de capoeira.

O processo de avaliação que os capoeiristas do Art Luz se submeteram consiste na observação de quatro quesitos: harmonia, organização, ritmo e padronização.

Segundo o professor Kiko, harmonia é o modo com que se vibra na roda, acontece quando se flui energia, calor, alegria entre os participantes da roda de capoeira. Já a organização se dá pela maneira que o grupo se apresenta: todos em fila com as mãos para trás entram na roda conjuntamente para a mostra.

- O ritmo é o toque do berimbau. Isto se deu no campeonato por intermédio dos estilos “Angola”, “São Bento Pequeno”, “São Bento Grande” e “Regional do Bimba” – conta Kiko, acrescentando que padronização é a unificação, quando os capoeiristas do grupo têm postura e equilíbrio.

O professor Kiko comenta ainda que quando o prazer da dança de capoeira, com sua energia, se realiza entre os componentes do grupo, certamente as pessoas que estão assistindo também ficam contagiadas pela alegria e pelo calor emitidos durante o jogo.

Para o monitor das aulas do professor Kiko, o professor de Educação Física, Anderson de Oliveira, o I Campeonato Brasileiro da Abramcap colaborou para haver maior integração entre os capoeiristas, além da troca de experiência. “O importante foi que pudemos ter a satisfação de ver que estamos de acordo com o nível ministrado em diversos locais do Brasil tanto no âmbito técnico como no cultural”, frisa Anderson.

De acordo com ele, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora são exemplos de ensinamentos no setor técnico da capoeira. “Já as cantigas, os jogos, as rodas tradicionais são avaliações de aspectos culturais”, explica.

Capoeirista e aluna do professor Kiko desde os sete anos de idade, a estudante Nathália Brochini Leal (16), ressalta que para adquirir novos horizontes e conhecimentos, há viagens para outras cidades, a fim de competir em campeonatos de capoeira.

História da Capoeira

A capoeira tem como ponto de partida a escravidão no Brasil. Os negros escravos trazidos da África para trabalhar, inicialmente na plantação de cana, ficavam agrupados nas senzalas das fazendas dos senhores. A insatisfação era total, os negros tentavam a todo custo se libertar, alguns até conseguiam e iam viver nas matas, onde formavam os quilombos. Sendo o Quilombo de Palmares o mais importante. Tendo Zumbi como seu principal comandante.

Pode-se dizer que a ânsia pela liberdade criou a capoeira e que a luta por justiça era muito difícil, pois de um lado o negro explorado vivia em condições sub-humanas contra todo o sistema de colonização portuguesa, onde estavam os senhores de engenho e o capitão do mato (que por ironia muitas fezes era um negro ou mestiço).

O corpo: esta foi a arma usada pelo negro, ele trouxe consigo e criou no Brasil uma forma de lutar para poder fugir da senzala. Esta luta foi desenvolvida e "ensinada", misturada com suas manifestações, danças, cânticos e instrumentos. Foi desta mistura que veio a idéia de luta disfarçada em dança.