Aula inaugural da UFRJ debate saúde mental

15/02/2017 15:57:00 - Jornalista: Elis Regina Nuffer

Foto: Rui Porto Filho

Calouros lotam o auditório Claudio Ulpiano nesta quarta-feira

Uma estante de livros pode servir para guardar livros, para alguém se apoiar ou como obstáculo, depende da experiência de vida e adoecimento de cada pessoa. A forma que cada um dá a sua realidade a partir das experiências pessoais e como esse mundo deve ser tratado nas relações do médico com o paciente, dentro das novas diretrizes do curso de Medicina no país, marcaram a aula inaugural da disciplina Psiquiatria e Saúde Mental, neste ano letivo, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – campus Aloísio Teixeira, na Cidade Universitária.

Calouros dos cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição e Farmácia e profissionais da área na rede pública lotaram o auditório Claudio Ulpiano, na manhã desta quarta-feira (15), para ouvir quem muito entende do assunto: Octavio Domont de Serpa Júnior, mestre e doutor em Saúde Mental e pós-doutor formado no Centro de Pesquisa e Epistemologia Aplicada da França.

Entre exemplos, como da estante de autoria de Toombs, 1987, ele expôs, perguntou e buscou respostas sobre "O que as experiências e narrativas dos nossos pacientes têm a nos ensinar?". Graduado em Medicina pela UFRJ, o professor apresentou o que interessa a alunos e profissionais da Saúde Mental levando em conta as mudanças no ensino de DSM (Diagnóstico de Saúde Mental) no país e que estão sendo aplicadas na Faculdade de Medicina da UFRJ.

Domont explicou que a herança que alijava os doentes mentais e, como consequência, formou médicos que desconheciam ou não se interessavam pelo conhecimento psíquico do paciente, está dando espaço ao diálogo, novos métodos de ensino, avaliação e de trabalho na área. A ideia do organizador da aula inaugural, Tiago Mussi, coordenador da disciplina na UFRJ-Macaé, foi estimular o aluno a refletir sobre a atividade clínica dentro do conceito atual de DSM e as várias áreas do conhecimento linkadas como Literatura, Psicanálise e outras.

Aluna do sétimo período de Medicina, Samara Caruso Cavallaro disse que ainda cursará a disciplina. "Tenho muito o que aprender sobre a metodologia e suas práticas. É um processo que começarei a vivenciar em sala de aula e quero entender bem", disse.

Como Samara, os alunos de Medicina e profissionais da Saúde Mental têm muito o que aprender no contexto das novas diretrizes dos cursos de Medicina, que entraram em vigor com a Resolução 03/2014 e incluem a ampliação do tempo de estudo sobre Saúde Mental, competências gerais das instituições de ensino, como aumento da carga horária das aulas de DSM, internato expandido, tipos de avaliação e outras que acontecem com interfaces com a reforma psiquiátrica.

MEDICINA MACAÉ - Implantado em 2009, o curso de Medicina do campus em Macaé já formou três turmas. Em 2015, o curso obteve nota quatro do Ministério da Educação (MEC), a máxima concedida a um curso que, na época da avaliação, ainda não tinha graduado nenhum aluno. No ano passado, o curso de Medicina da UFRJ em Macaé ficou em oitavo lugar nacional em nota de corte nas vagas oferecidas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Funcionando na Cidade Universitária, gerida pela prefeitura, a UFRJ conta com 11 cursos de graduação no município (bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas e em Química; Enfermagem e Obstetrícia; Farmácia; Medicina; Nutrição; Engenharia Civil; Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção) e cinco cursos de pós-graduação a nível de Mestrado e Doutorado.


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