Cadeirantes de Macaé sonham disputar uma Paraolimpíada

26/10/2011 14:34:21 - Jornalista: Álvaro Marcos

Foto: Álvaro Marcos

Time de Basquete Cadeirante reúne jovens, adultos e mulheres

Lucas, Wallace, Júnior, Sávio e Vágner são adolescentes de Macaé. Além da faixa etária, têm outra característica em comum: são portadores de deficiência física. Eles integram o time de Basquete Cadeirante da cidade. Sonham, juntos, disputar uma Paraolimpíada.

Os jovens treinam três vezes por semana com os adultos, já que não há uma equipe para a faixa etária deles. E vão disputar, a partir do próximo domingo (30 de outubro), o Campeonato Brasileiro Série B, em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. A idéia da comissão técnica é dar experiência aos atletas.

- Poucos clubes têm a possibilidade de contar com meninos treinando com os mais velhos. Eles são muito talentosos. Todos têm potencial para chegar à Seleção Brasileira e seguir um caminho brilhante no esporte - disse o técnico Antônio Carlos Magalhães, o "Pulga", um ex-jogador profissional de basquete que está há cinco anos em Macaé.

Para o treinador, o trabalho com os cinco adolescentes é a longo prazo. Como as idades variam de 12 a 17 anos, "Pulga" traça o objetivo de prepará-los para os Jogos de 2020. "Eles vão estar no auge da forma física e, se tudo correr bem, com plenas condições de defender o Brasil", vislumbra.

Mais novo no grupo, Wallace Gama Moura tem 12 anos e carrega o trauma de ter perdido parte das duas pernas após receber uma forte descarga elétrica. Na equipe, joga como ala/armador. "É um dos jogadores de maior potencial que nós temos", elogia o treinador.

Wallace já se vê com a camisa amarela. "Quero ser profissional, jogar muito bem e chegar à Seleção", garante o menino. Para ele, participar do grupo de Basquete Cadeirante de Macaé se transformou em lição de vida. "Aqui aprendemos respeito e educação", afirmou.

Assim como Wallace, Júnior e Vágner já atuaram pela equipe em partidas amistosas contra times adultos. Sávio e Lucas ainda aguardam a oportunidade de entrar na equipe. "Eles estão se desenvolvendo muito rápido e essa integração com os mais velhos faz com que o nível deles fique cada vez melhor", acrescenta "Pulga".

Se o objetivo dos adolescentes ainda está distante, para o técnico, é questão de tempo a convocação do ala Fernando, 34 anos, para a Seleção Brasileira. "Do nosso grupo, ele é o jogador mais próximo de ser chamado. É um dos quatro melhores do Brasil nesta posição", assegurou.

Referência dentro de quadra, Fernando também é exemplo de força de vontade no cotidiano. Para treinar, percorre seis quilômetros em sua cadeira de rodas do bairro Nova Holanda, onde mora, até o Ginásio Municipal Maurício Bittencourt, local dos treinamentos. O trajeto demora 1h15 e é feito novamente na volta, após o treino.

Esforço é uma palavra que também consta do dicionário de Nadir, uma das duas mulheres do grupo. Como não há equipe feminina, ela integra o elenco junto com a outra colega, os homens e a garotada. Chegou em 2006, quando o time foi formado. De lá pra cá, perdeu 37 quilos e recuperou a autoestima.

Outra presença feminina é Lusanira, a "Lusa", 33 anos. Mãe de dois jovens de 16 e 14 anos, ela divide o tempo entre cuidar dos filhos, trabalhar como vendedora e atuar na equipe. Já participou de um Campeonato Brasileiro masculino, no ano passado.

A união de adolescentes, mulheres e homens transforma o grupo em uma verdadeira família. "A nossa convivência é maravilhosa. É uma troca de experiências muito grande. Um ajuda ao outro. Somos uma irmandade", define Geraldo, o veterano do elenco, com 51 anos. É a bola de basquete como instrumento de superação, alavancando sonhos.