Condomínio Cidadão: prefeitura mudando vidas

04/03/2008 11:28:40 - Jornalista: Alexandre Bordalo

O auxiliar técnico de materiais Amiraldo Maurício Vieira Santana, de 43 anos, há um pouco mais de um ano morava na Nova Malvinas (Ilha Colônia Leocádia), a partir daí mudou-se para o Condomínio Cidadão, no Loteamento Bosque Azul, no bairro Nossa Senhora da Ajuda. A nova casa, paga com valor simbólico, construída pela prefeitura de Macaé, com financiamento da Caixa Econômica Federal, tem dois quartos, sala, cozinha, banheiro, quintal. Enfim, mais qualidade de vida.

As 1500 pessoas que moram nas 306 casa no Condomínio – 100 casas de dois quartos, 200 de um quarto e seis equipadas para deficientes físicos – têm assistência de uma psicóloga, três assistentes sociais, dois estagiários em Recursos Humanos e seis em Serviço Social. Vivem nas novas residências desde agosto de 2006. São pessoas oriundas de áreas de ocupação, beira rio da Ilha Colônia Leocádia, Nova Esperança, Ladeira Valdemiro Bittencourt, no Morro de Santana, que apresenta risco de desabamento, além de moradores de pousadas provenientes de ocupações irregulares.

Todos os moradores têm livre acesso à água, luz, segurança, transporte, esgotamento sanitário, saúde, educação e assistência social. A doméstica Maria de Fátima de Jesus, de 31 anos, e seus sete filhos vivem no Condomínio Cidadão há um ano. “Anteriormente, eu morava no Lagomar pagando R$ 170,00 de aluguel por uma quitinete. Agora minha vida e a vida de meus filhos mudou para melhor, pois temos casa com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e quintal, onde brincam meus filhos. Além disso, não pago nada”, comenta.

Ela lembra ainda que tudo isso foi uma grande bênção de Deus, uma vez que é viúva há três anos, sendo uma mulher chefe de família. “O lugar é melhor. Estar aqui foi algo especial para todos nós. Além do mais, o ônibus que leva, e trás, meus filhos à escola diariamente é gratuito”, conta. E acrescenta: “Meus atendimentos médicos também são acessíveis e gratuitos, pois o Posto do Planalto localiza-se a trinta minutos de minha casa”.

Segundo a coordenadora do Posto Avançado, escritório da Equipe Social no Condomínio Cidadão, que pertence à Empresa Municipal de Habitação, Urbanismo, Saneamento e Águas (Emhusa), a assistente social Samantha Fragoso Pinto, a equipe faz trabalho técnico social: uma categoria instituída e normatizada pelo Ministério das Cidades. “Todo mês, enviamos relatório à Caixa Econômica Federal”, frisa.

- Nosso trabalho é interdisciplinar, com conhecimentos de cada área aplicados em prol da comunidade. Fazemos contato e cadastro das famílias, preparando-as para a mudança. Muitos moradores são encaminhados pelo Conselho Tutelar, pelo Poder Judiciário ou por Órgãos Públicos Municipais – explica a coordenadora.

Samantha diz ainda que todos os moradores são informados sobre o funcionamento do Condomínio, com o objetivo de que se coloquem em prática as regras de convivência coletiva. “Uma vez por mês promovemos uma assembléia. Além disso, providenciamos transferência escolar, além de atenção básica em saúde. Também realizamos dinâmicas terapêuticas com a finalidade de que assumam a nova realidade. Tudo isso respeitando o processo de transição, numa preparação psicossocial”, enfatiza.

A grande meta da Emhusa e da prefeitura é o desenvolvimento da comunidade, através da sedimentação de relacionamentos. “Construímos, tempos atrás, um muro que fica em volta do condomínio para que os vizinhos se aproximem uns dos outros, havendo integração depois da mudança de onde estavam, que em alguns casos foi uma ruptura significativa em termos psicológicos”, explica a assistente social.

A equipe também trabalha para regularizar a área documental. Muitos nem tem identidade, nem CPF. “Eles precisam se situar como proprietários”, pontua, acrescentando que 80 % dos títulos a serem entregues nesta quarta-feira (5/3), serão para mulheres. O motivo é que assim protege-se a família em caso de separação, uma vez que a saída do homem não desagregaria mãe e filhos, que dessa maneira têm amparo e segurança.

Além de tudo isso, o Condomínio Cidadão também conta com Central de Internet Comunitária. “Em parceria com a Secretaria dos Direitos da Mulher, promovemos Censo para levantar as principais demandas dos moradores”, acentua, dizendo que quem vai assumir o escritório da equipe social será o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). “O plantão social tem procurado articular as necessidades dos moradores com as diversas secretarias da prefeitura de Macaé”, finaliza.