Educação abre a Semana da Consciência Negra abordando reflexão sobre as minorias

17/11/2009 17:53:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Divulgação

Palestra da professora da UFRJ Ana Canen abriu a programação

Aberta nesta segunda-feira (16) na Cidade Universitária, a Semana da Consciência Negra de Macaé prossegue nesta quarta-feira, com a apresentação “Histórias de África e do Brasil”, do grupo Historiarte da Secretaria de Educaçã,o e a palestra com lançamento do livro Biografia de Abdias Nascimento (coleção Retratos do Brasil Negro), de Sandra Almada.

Abdias Nascimento foi um dos grandes defensores da cultura negra e afrodescendente no Brasil. Multiculturalismo também será o tema do curso Educomunicação - Múltiplas linguagens no diálogo com a cultura afro-brasileira no espaço da escola, com a Mestre em Comunicação Social pela UFRJ, Sandra Almada, que acontece até quinta-feira.

Durante a sessão de abertura da Semana da Consciência Negra, com a palestra e lançamento do livro “Multiculturalismo e Educação”, da PhD em Educação pela University of Glasgow, Ana Canen, a vice-prefeita e secretária de Educação, Marilena Garcia, ressaltou que quando elaborou o Projeto de Lei 2.678 de 2005, criando a Semana, desejava colaborar com a construção de políticas públicas para proporcionar a reflexão sobre as minorias políticas, que ainda não conseguiram seus espaços no poder para se representar.

- Nada prejudica mais o caminhar que os preconceitos. Nos preocupamos em dizer que a educação é nossa principal riqueza, porque ela nos possibilita o pensamento sobre nossa pluralidade ética e religiosa, para que assim possamos entregar um mundo mais significativo e afetuoso para as próximas gerações”, declarou Marilena.

A secretária salientou que a Semana de Consciência Negra pretende reforçar as ações da Educação para implementação da lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da temática História e Cultura Afrobrasileira. “Com essa Semana, queremos tratar a questão de forma abrangente: tanto na política, quanto na sala de aula”, explicou.

A professora do Departamento de Fundamentos da Educação da UFRJ-RJ, Ana Canen, destacou as ações realizadas pela Secretaria de Educação de Macaé sobre a temática. “Parabéns à gestão por essa coerência e consistência em seu trabalho. A Educação para a diversidade é, de fato, nossa maior riqueza”, disse. Ana Canen, que apontou a proposta de sua palestra como sendo a de combate ao pensamento único, reforçou “O âmago da educação é a formação de professores”.

Bulling - A PhD em Educação abordou o bulling, um fenômeno contemporâneo de manifestação de qualquer tipo de preconceito e não restrito a uma classe social. Essa violência preconceituosa é também conhecida como assédio moral. Para ela, o multiculturalismo se consiste em uma série de respostas para isso. Ana Canen considera a luta do negro como emblemática para outros segmentos, como o das mulheres e dos homossexuais.

Contra essa desqualificação moral, ela propõe para as escolas ações que vão desde a elaboração de avaliações com um olhar multicultural e perpassando por todas as disciplinas, até a construção de projetos políticos pedagógicos que rejeitem o bulling, seja a alunos ou a profissionais. Essa rejeição deve se coexistir em normas claras que viriam a gerir uma cadeia de responsabilidade, preservando o anonimato da vítima. Ela recomenda ainda a re-significação histórica do negro nos currículos. Segundo a professora, essas atitudes constituem o multiculturalismo pró-ativo.

Ana Canem, que elogiou o Movimento Negro pelo importante enfrentamento ao racismo, alertou para o cuidado com a construção de estereótipos de membros de grupos de minorias políticas. “Os movimentos devem avançar sem cair na homogeneização identitária”, aconselhou. Ela concluiu que houve um avanço nos últimos anos em direção ao multiculturalismo, resultado de lutas de movimentos e lideranças, mas que ainda há muito a se fazer.