Escola Bilíngue do município é referência na rede em Educação Especial

31/05/2010 18:55:01 - Jornalista: Douglas Fernandes

Foto: Divulgação

Escola de horário integral Lions foi a primeira a adotar a proposta na rede

Implantada há três meses no Colégio Municipal Lions, no Bairro da Glória em Macaé, a escola bilíngue da Secretaria Municipal de Educação tem surpreendido pais, professores e educadores com resultados positivos ao oferecer um espaço de referência em aprendizado para alunos deficientes auditivos e ouvintes (não deficientes), levando mais inclusão na rede e socializando a comunidade escolar na Política Nacional de Educação Especial do Ministério da Educação.

Nos últimos anos a secretaria de Educação ampliou a oferta de ensino aos alunos especiais. Em 2009, foi realizado pela 1ª vez, concurso público para professor de Libras, Braille, Intérprete e Professor Especializado para atender nas salas multifuncionais, suprindo as necessidades de acesso ao conhecimento, disponibilizando o ensino de linguagens e de códigos específicos de comunicação e sinalização.

Desde então, 21 alunos deficientes auditivos, que antes estudavam no Centro Educacional Iracema Figueira Miranda, passaram a receber aulas juntamente com ouvintes, em uma sala com dois professores: ouvinte e libras (sigla de Língua Brasileira de Sinais).

A escola de horário integral Lions foi a primeira a adotar a proposta na rede. Para isso, foi elaborado desde o ano passado um adequado processo logístico e pedagógico para atender os alunos interessados em fazer parte da ação da secretaria que tem adotado as determinações do MEC. Segundo a orientadora pedagógica Ildete Soares, também deficiente auditiva, “a proposta levada para a escola tem como objetivo construir uma unidade de ensino bilíngue, onde a educação possa ser levada em condições iguais e sem restrições, procurando oferecer acima de tudo um novo modelo de educação para Macaé”.

Ao todo, a equipe é composta por seis profissionais. O conteúdo é o mesmo, cabendo ao professor de libras, transportar simultaneamente para libras a aula que é dada. “É claro que existe pequenas adequações que precisam sem ressaltadas, mas nada que comprometa o surpreendente resultado ao final de cada dia de atividade”, completa Ildete.

Além das aulas tradicionais eles participam no contra turno, de atividades extracurriculares, além de disporem de uma sala multifuncional oferecida pelo MEC. Elas são equipadas com televisão, computadores, DVDs e materiais didáticos específicos para a educação especial, frequentadas também no contra turno para atendimento educacional especializado. Todas as quintas-feiras todos os alunos ainda participam de um aulão de libras.

Com isso, o resultado já pode ser percebido por todos. A diretora Rosana Tinoco revelou a satisfação dos pais ouvintes. “Em nossa reunião de pais, foi emocionante ouvir deles o interesse dos filhos em querer aprender mais sobre a língua de sinais e a produtiva convivência com os deficientes em sala de aula”. A receptividade dos ouvintes também foi outro ponto comentado.

“Pensávamos que haveria resistência no início, mas novamente nos surpreendemos, pois a integração foi imediata”, completou.
Já a os pais e professores viram nos alunos deficientes auditivos, resultados na autoestima, na tentativa de pronúncia e principalmente nas notas. “Ainda comemorando com o rendimento das crianças, temos um histórico que avalia os primeiros dias de aula até o momento. É gratificante perceber como a convivência ideal, e a socialização contribuem para mudar a perspectiva de uma educação especial” comentou Ildete.

A direção da escola disse estar satisfeita pela oportunidade de iniciar na rede, um projeto diferenciado. “Quando fomos convidados pela secretaria a fazer parte desse projeto especial ficamos entusiasmados. É sempre bom saber que possuímos qualidades e qualificações necessárias a grandes iniciativas”, disse.

A Subsecretária de Ensino Pedagógico, Gelda Tavares informou ainda que os demais alunos com deficiência auditiva que não estão inseridos na Escola Municipal Lions, estão organizados em outras escolas, em turmas de acordo com a idade e nível de escolaridade. E declarou: “As pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos que as demais pessoas, e isto exigiu que a educação especial fosse revista em sua concepção e prática na rede. A metodologia e as necessidades educativas podem ser diferentes, mas a exclusão não pode permanecer pelas dificuldades do setor público de se organizar para o atendimento de alunos com deficiência”.