Exposição de pinturas do Art Luz sobre Villa-Lobos vai até o final do mês

22/10/2008 11:10:08 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Termina no final do mês de outubro (dia 31) a exposição de 40 quadros de 20 alunos da professora de pintura em tela do Art Luz Josilene Nascimento (Jômapina). Os que quiserem admirar as obras podem ir à Galeria Hindemburgo Olive, localizada no primeiro andar do prédio do Centro Macaé de Cultura, na Avenida Rui Barbosa 780. O espaço funciona de 9h às 17h, de segunda-feira a sexta-feira.

Segundo Jômapina, um dos quadros mais interessantes intitula-se “Inspiração Villa-Lobos”, pintado por Anderson Artur Hitomi. Nesta obra, ele pintou o Pão de Açúcar e um violão, remetendo-se à música e ao Rio de Janeiro, além de aves que têm a natureza como tema.

Já o quadro de Geisa Santos cujo nome é “Violoncelo” tem como estória o fato de que Heitor Villa-Lobos aprendeu música por meio deste instrumento, que seu pai teve de improvisar, diminuindo o violoncelo de tamanho para que seu filho pequeno pudesse iniciar como instrumentista.

- A maioria dos quadros mostra a brasilidade, com muitas cores, além de instrumentos musicais com inspiração em cantigas indígenas e africanas. O som emitido por pássaros também é valorizado em algumas obras – conta Jômapina. Ela acrescenta que Heitor Villa-Lobos quebrou paradigmas, inovando em suas músicas, uma vez que pertencia ao movimento modernista, cujas características eram a busca da identidade nacional e a ruptura com o modelo europeu para as artes.

No quadro de Matheus Henrique, cujo título é “Sonho Musical”, há uma mistura de roda com um maestro com as batutas nas mãos pensando sobre seu trabalho, sua criação e seus projetos musicais.

Todos os quadros estão à venda. O menor valor é de R$ 35,00. A obra mais cara resultante das aulas de Jômapina no Ciep Oscar Cordeiro - que fica no Parque Aeroporto - custa R$ 200,00.

Heitor Villa-Lobos

Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de março de 1887 e faleceu em novembro de 1959. O compositor brasileiro ficou célebre por unir música com sons naturais.

Aprendeu as primeiras lições de música com o pai, Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional. Ele lhe ensinou a tocar violoncelo usando no improviso uma viola, devido ao tamanho de "Tuhu" (apelido de origem indígena que Villa-Lobos tinha na infância). Sozinho, aprendeu violão na adolescência, em meio às rodas de choro cariocas, às quais prestou tributo em sua série de obras mais importantes: os Choros, escritos na década de 1920. Casou-se em 1913 com a pianista Lucília Guimarães.

Após viagens pelo Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, no final da década de 1910, ingressou no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, mas não chegou a concluir o curso, devido à falta de adaptação - e descontentamento - com o ensino acadêmico.

Suas primeiras peças tiveram alguma influência de Puccini e Wagner, mas a de Stravinsky foi mais decisiva, como se vê nos balés Amazonas e Uirapuru (ambos de 1917). Apesar de suas obras terem aspectos da escrita européia, Villa-Lobos sempre fundia suas obras com aspectos da música realizada no Brasil. Utilizava sons da mata, de eventos indígenas, africanos, cantigas, choros, sambas e outros gêneros muito utilizados no país.

Passou duas longas temporadas na França, o maior reduto musical da época, através da ajuda financeira da família Guinle. Residiu em Paris entre 1923 e 1924, e de 1926 a 1930, quando voltou ao Brasil para participar de um programa de educação musical do governo de Getúlio Vargas. Os temas nordestinos viriam a se fazer mais presentes na década de 1930, ao lado da inspiração reencontrada em Bach.

Durante a semana de arte moderna de 1922, na cidade de São Paulo, o músico entrou no palco com um sapato em um pé e uma sandália no outro, com uma atadura no dedão, sendo vaiado pela platéia que não aceitava as idéias modernistas, que valorizavam a brasilidade, o jeito de ser natural do brasileiro e a busca da identidade nacional, sem copiar a identidade européia