Exposição O Quinto Elemento: talento de Macaé sem fronteiras

05/03/2008 15:39:58 - Jornalista: Andréa Lisbôa

A Galeria de Arte Hindemburgo Olive (Gaho), da Fundação Macaé de Cultura, recebe nesta quinta-feira (6), a partir das 19h, a exposição “O Quinto Elemento”, de Carlos Magno Franco. Na abertura, o espetáculo de poesia, dança e música “Africanidade”, dos alunos da E.E. Mathias Neto, na Praça das Artes. Também haverá apresentação da banda de rock Paradoxo, com participação de músicos da Banda C4. O Centro Macaé de Cultura fica na Av. Rui Barbosa, 780, no Centro da Cidade.

A visitação à galeria, que funciona de segunda a sábado, de 8h às 19h, é gratuita. Das 18 obras, em óleo sobre tela e técnica mista, oito são inéditas. A obra “Nossa Senhora das Flores” foi criada a fim de ser também apreciada por portadores de deficiência visual. Ela foi elabora com diversos produtos químicos, que dão à imagem transparência e relevo. Neste trabalho, a tela é apenas o suporte da obra.

O tema da mostra são os elementos terra, água, fogo e ar, culminando com o humano. Todos estão inseridos no contexto religiosidade, que é questionada pelo autor macaense. Carlos Magno, que é autodidata, em meio a complexidade de sua obra, revela que sua relação com a arte é puramente intuitiva. Nesta exposição, sua intenção é, ainda, fazer uma alusão à citação bíblica “do pó ao pó” por meio do pó que compõe os pigmentos das tintas. A mostra segue um roteiro: desde a religiosidade indígena e a africana, à imagem de Nossa Senhora das Flores, que encerra a exposição, representando a influência da religião católica.

Além do roteiro temático, há o relativo às técnicas e matérias primas. As técnicas e materiais seguem a direção inversa da evolução traçada pelo roteiro. Inicia-se com técnicas apuradas e a utilização de tintas industrializadas, quando se aborda a cultura primitiva. Por fim, materiais menos nobres, mesclados à técnica aguçada, porém fora de padrões acadêmicos, para a criação da obra “Nossa Senhora das Flores”. De óleo sobre tela, passando por acrílicos sobre tela, à técnica mista de elaboração complexa; do figurativo ao abstrato: o artista ressalta que não aceita limites para as suas criações.

Essa exposição é o conjunto de quatro outras. Uma parte das obras esteve na Casa de Cultura e Museu de Campos, outra na Galeria Antônio Abreu, no extinto Centro Cultural “Caleidoscópio”, em Rio das Ostras, outra no Centro Cultural Vovó Silvana, em Glicério e, ainda, no acervo permanente da Secretaria de Trabalho e Renda do Estado do Rio de Janeiro.

As muitas facetas do artista

Também poeta, carnavalesco, ator, figurinista, cenógrafo. Esse artista macaense, nascido em Glicério, Região Serrana, aos 14 anos, começou a dar aulas de desenho e pintura nesse distrito e logo foi contratado pela prefeitura como ilustrador e designer gráfico.

Aos 15, recebeu um prêmio de poesia da TV Educativa. Já como servidor municipal concursado, aos 18 anos, intensificou sua produção gráfica para a prefeitura. Mais tarde, fundou o centro cultural Calendoscópio, em Rio das Ostra, e passou a ministrar aulas de artes gráficas computadorizadas no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Um de seus trabalhos mais recentes foi como ilustrador e co-autor do livro da escritora Izabel Monteiro, “Tieguaçu”.

Para o lançamento deste livro, no ano passado, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, Carlos Magno produziu algumas telas sobre o tema, que foram adquiridas pela Prefeitura de Campos de Goytacazes. Também a Secretaria de Trabalho e Renda do Estado do Rio de Janeiro possui algumas de seus trabalhos em acervo permanente. Outros integram coleções de particulares no exterior.

- Meu grande incentivador foi meu avô, Antônio Abreu, de família tradicional da Região Serrana de Macaé. Ele me ensinou as escalas de cores e a observar a variação de nuances da natureza -, revela Carlos Magno. “É preciso que os jovens busquem sua essência humana. Esse é o caminho para a verdadeira arte”, completa o artista.