Itiberê Orquestra: universalidade musical no palco do Teatro

11/08/2009 13:58:59 - Jornalista: Eloísa Seady

A Itiberê Orquestra Família, em comemoração aos 10 anos de atividades, se apresenta no Teatro Municipal de Macaé nesta quinta-feira (13), às 20h30, lançando o CD “Contrastes”, o terceiro da Orquestra. Esta turnê conta com o patrocínio da Funarte, através do Projeto Pixinguinha.

Violino, violoncelo, viola, piano, sanfona, escaleta, flauta, flautim, voz, guitarra, clarineta, clarone, saxofones, trombone, violão, viola nordestina, cavaquinho, bandolim, baixo elétrico, bateria e percussões se misturam na formação inusitada da Orquestra.

Como se não bastasse o misto nada convencional de instrumentos clássicos, regionais e de big-bands, os músicos, multi-instrumentistas, ainda se revezam em suas funções: o baterista se alterna entre instrumentos de sopro, o pianista toca sax e sanfona, a violinista também toca piano e a clarinetista, sax e voz. Quase todos cantam e tocam percussão.

À frente do grupo está Itiberê Zwarg, responsável pelas composições, arranjos, regência e direção musical. Na Orquestra toca piano, baixo, bateria e escaleta. É também integrante do Hermeto Pascoal e Grupo – a chamada “Nave Mãe” – há 30 anos, onde se iniciou na renovada concepção musical criada por Hermeto, a Música Universal.

“Música Universal” foi o termo encontrado pelo mestre Hermeto Pascoal para descrever essa qualidade avançada de fazer música, poli-harmônica, rica em combinações timbrísticas e polirritmias. É universal por reunir referências dos mais diversos gêneros, por ser livre de preconceitos e rótulos.

A forma de compor e arranjar, denominada de Corpo Presente, também quebra a tradição: as músicas são compostas por Itiberê em tempo real, no momento dos ensaios, tendo em cada músico uma fonte de inspiração. Ao contrário das orquestras tradicionais, os músicos aprendem primeiro a tocar as composições para depois registrá-las em partitura. "Partimos do som, da referência auditiva, ao invés do método tradicional - que usa a visão, o olhar cravado na partitura. As músicas amadurecem muito rápido", explica Itiberê.

A música é transmitida de ouvido aos músicos simultaneamente à criação, e os instrumentos vão entrando na composição cada um à sua vez. Dessa maneira os músicos se envolvem no processo de criação, desenvolvem suas formas individuais de interpretação e de expressão, e ao mesmo tempo, a escuta do todo.

Passando e repassando as notas de ouvido, os músicos acabam decorando rapidamente a nova composição, o que possibilita uma maior performance interpretativa. Só depois de pronta a composição é que cada músico registra sua parte e junta-se tudo em partitura, com a revisão de Itiberê. Como maestro, Itiberê tem uma postura bem próxima aos músicos, estimulando a expressividade e cuidando da dinâmica do grupo.

O grupo foi formado em 1999, a partir do encontro de Itiberê com os primeiros músicos de sua Oficina de Música Universal oferecida de forma permanente nos Seminários de Música Pro Arte, no Rio de Janeiro. Nestes anos de estrada, a Orquestra se apresentou nos mais importantes festivais e palcos do Brasil, além de ter sido calorosamente recebida no Uruguai e na Argentina. Os músicos da Orquestra, hoje mais maduros que há dez anos atrás, contribuem para a construção de um trabalho consistente, registrado no novo CD, “Contrastes”.

Contendo quinze composições do maestro Itiberê e uma do Hermeto Pascoal composta especialmente para o grupo, o CD “Contrastes”, reflete o crescimento musical individual de cada músico e da Orquestra como um todo.