Repensar o racismo e lançar sobre ele um novo olhar. Esse tem sido o trabalho desenvolvido pelo sociólogo Carlos Moore, que estará em Macaé nesta sexta-feira (11) para a palestra “O Racismo analisado a partir de um novo Prisma Epistemológico”. O evento será realizado às 18h no auditório da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé (Fafima).
Para Carlos Moore, que é doutor em Etnologia e em Ciências Humanas pela Universidade de Paris VII, o racismo tem sido enxergado como um fenômeno exclusivamente ideológico da modernidade. “Os elementos que apontam em outras direções têm sido sistematicamente ignorados ou ocultados pela academia”, afirmou.
Para ele, no entanto, existem dados, surgidos de diversas pesquisas interdisciplinares, que permitem recolocar a problemática da origem do racismo em uma perspectiva histórica de grande profundidade. “Isso nos leva automaticamente a questionar a relação que se tenta estabelecer hoje entre o racismo e a Modernidade ocidental por causa da noção de raça, centrada na biologia, que teria dado a sustentação científica a esse fenômeno”, comentou.
Carlos Moore ressalta que o racismo se estrutura a partir de um dado universal inegável, o fenótipo. “Isso tem uma profundidade histórica maior que os 500 anos e mais da hegemonia ocidental sobre o resto do mundo. Raça, portanto, existe e é em torno dela que, durante vários milênios tem se organizado o ódio de certas populações contra outras”, disse.
Ele explicou que o racismo teria se construído historicamente, e não ideologicamente, ou seja, o racismo seria uma dinâmica determinada pela história e não pela ideologia. Desse modo, ele está presente na eclosão da própria Modernidade capitalista. “O racismo surgiu de eventos históricos, concretos que se enraízam na Antigüidade: graves conflitos entre povos melanodérmicos (negros) e leucodérmicos (brancos e amarelos), ocorridos em épocas longínquas, nas regiões onde eles conviveram. Teriam sido esses conflitos, hoje apagados da memória ativa da humanidade e que brotaram sempre em torno de acirradas e sangrentas disputas pela posse dos recursos básicos de sustentação, que atuaram como os incubadores de vários ‘pró-racismo’ surgidos independentemente em diversas partes do mundo antigo”, ressaltou.
A palestra faz parte do planejamento do curso de Pós-Graduação em Estudos Culturais e Históricos da Diáspora e Civilização Africana, que está sendo oferecido pela Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS). Durante o evento, Carlos Moore irá exibir seus livros e comercializar aos interessados.