Peça “O Palácio dos Urubus” será apresentada neste domingo

11/07/2008 15:16:46 - Jornalista: Andréa Lisboa

A peça “O Palácio dos Urubus”, de Ricardo Meirelles, será apresentada por alunos das duas turmas do Curso Técnico Profissionalizante em Artes Cênicas da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart), da Fundação Macaé de Cultura. A leitura dramatizada acontecerá neste domingo (13), às 19h30, no Solar dos Mellos, rua Conde de Araruama, 248, no Centro da cidade. A entrada é franca.

O texto, adaptado pelo professor da Emart, Rodrigo Portela, será interpretado por 15 atores que cursam a escola. A orientação para a montagem é de Rodrigo e Ademir Martins e a coordenação do curso é de Cássia Gomes. “Nossa intenção é também prestar uma homenagem ao autor, Ricardo Meirelles”, disse o professor Ademir.

“A peça é uma comédia que trata de um rei que abusa do poder. Remete à época da ditadura militar no Brasil ou a qualquer país que viva um regime opressor”, explica Rodrigo Portela. Ricardo Meirelles deu à peça o nome de um antigo prédio de Macaé, batizado pelo povo, já em ruínas na década de 70, quando a peça foi escrita.

“A história desse prédio nada tem a ver com o texto. Utilizei apenas o nome de domínio público”, explica o autor. No espetáculo, a sede do governo monárquico extremamente autoritário, que havia sido um bordel, é chamada pelos súditos de Palácio dos Urubus. O palácio fica em uma pequena ilha cercada de tubarões por todos os lados, que remete a qualquer país sul-americano de governo autoritário.

Segundo ele, O Palácio dos Urubus foi escrito com a intenção de denunciar, de forma contundente e irreverente, em tom satírico, irônico e com muito bom humor, a estupidez e virulência do regime militar imposto ao Brasil, a partir de 1964. “É uma espécie de termômetro, que marcou a febre final do autoritarismo, o início do princípio do fim, pois quando a literatura começa a ridicularizar um sistema político forte, o fim desse regime está muito próximo”, declarou Ricardo.

O Palácio dos Urubus

A peça O Palácio dos Urubus, de Ricardo Meirelles, foi a vencedora do Seminário de Dramaturgia Radiofônica, promovido pelo Instituto Gothe e WRD Rádio Colônia, na Alemanha, em 1978 e do Concurso Internacional de Dramaturgia, promovido pelo Centro Latino de Pesquisa e Criação Teatral, na Venezuela, em 1985.. A obra também conquistou o terceiro lugar no Concurso de Dramaturgia Nacional do Serviço de Teatro, em 1974, com publicação em livro pelo Mec/Funart.

O Palácio dos Urubus foi apresentada apenas uma vez em Macaé, no Barracão da Criação, auditório Abílio Miranda. Também foi montada no Recife, Paraná, Belo Horizonte, Mogi das Cruzes (SP), Niterói e, ainda, no Rio de Janeiro, nos teatros do Planetário da Gávea e da Uni-Rio e no auditório de Furnas. Além de Alemanha e Venezuela, o texto também foi interpretado na Islândia e Estados Unidos.

Ricardo Meirelles é um dos fundadores dos grupos de teatro Tema e Getam. Esse último ocupou o prédio inacabado e abandonado (Cine-Teatro Atlântico), que veio a ser mais tarde o Centro Macaé de Cultura, transformando o espaço em um teatro improvisado. As montagens nesse espaço aconteceram até 1970, quando Ricardo passou a se dedicar à dramaturgia.

Além de O Palácio dos Urubus, Ricardo soma diversos prêmios em seu currículo. Entre eles: Os Bons Tempos Voltaram (prêmio Augusto Boal); Adeus ao Bolero (prêmio Nelson Rodrigues); O Meu Delicioso Horror (prêmio Pascoal Carlos Magno); Os Sobreviventes (prêmio de publicação SNT); Disse Adeus às Ilusões e...Embarcou para Hollywood (prêmio SNT); Enquanto Mamãe não Vem (prêmio no 1º Seminário de Dramaturgia promovido por Maria Pompeu); Fero-Cidade (prêmio radiofônico na Alemanha).

Caldo Verde

Durante o evento, os alunos da Escola de Arte Maria José Guedes venderão caldo verde para angariar fundos para a montagem da peça infantil “Ih! Seqüestraram a fada madrinha”. O texto foi escrito, em 2006, pelo ator Diogo Avlis, formado na primeira turma do Curso Técnico Profissionalizante da Emart. A peça, que estreará em agosto em São João da Barra, foi pré-selecionada no Festival de Teatro de Rio das Ostras.

O espetáculo, com duração de 55 minutos e dez atores, é um musical com canções e coreografias bem trabalhadas e enredo criativo. Andreza Carvalho, 10 anos, é a única criança no elenco. Ela interpreta Maria, uma menina que lê diversas histórias infantis e participa delas. À medida que interrompe sua leitura, ela paralisa as cenas, interagindo com o público. Essa dinâmica é o diferencial do espetáculo que faz uma viagem por muitos contos de fadas. Maria precisa descobrir qual dos vilões das estórias seqüestrou a fada madrinha.