Pescadores dão continuidade ao Projeto Rio Limpo

19/12/2007 12:07:04 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Diminuir o nível de poluição do rio Macaé e do canal Macaé-Campos. Este é o principal objetivo do projeto Rio Limpo, iniciado há um ano por determinação do prefeito Riverton Mussi. O projeto, desenvolvido pela secretaria executiva de Pesca e pela Associação Mista de Pescadores, consiste na instalação de galões para o depósito de óleo usado dos barcos de pesca, coleta de materiais como pneus, garrafas pet e outros entulhos, além da confecção de cartilha educativa com mensagem enfocando a defesa do meio ambiente.

Segundo o diretor-financeiro da Associação Mista de Pescadores, Celso Monteiro Cardoso, entre a ponte velha e a ponte da Nova Holanda, cuja distância é de três quilômetros, há sete galões com capacidade para conter 200 litros de óleo usado nos motores dos barcos. “Isso é resultado de parceria entre a secretaria de Pesca e a Associação Mista de Pescadores com a secretaria de Meio Ambiente e a Fundação Agropecuária, de Abastecimento e Pesca”, afirma ele.

O projeto Rio Limpo começou em novembro de 2006. O óleo deixa de ser jogado no mar e no rio “in natura” e passa a ser colocado nos galões. Celso disse que idéia é distribuir mais receptores até o Engenho da Praia. A segunda fase Projeto Rio Limpo refere-se ao trabalho de dois pescadores, que em barcos, navegam pelo rio tirando entulhos. Isso acontece da ponte antiga passando pela Barra de Macaé e Nova Holanda, terminando na Nova Esperança. Já foram retiradas cinco mil garrafas pet.

- Em breve, confeccionaremos cartilhas educativas para crianças nas escolas, as quais terão mensagens sobre o fato de não ser válido jogar lixo no rio, além de buscar a defesa do meio ambiente – conta Celso.

A quarta e última etapa do projeto é a informação, por intermédio da mídia, de mensagens e informações que conscientizem a população sobre a importância do canal Macaé-Campos. “Pouca gente sabe que esse é o segundo maior canal do mundo feito pela mão do homem. Durou cerca de 20 anos para ser concluído”, explica o diretor-financeiro.

Além disso, a Associação Mista dos Pescadores tentará efetivar parcerias com empresas privadas com a finalidade de que essas confeccionem placas educativas em prol do canal. “Existe possibilidade de despoluir esse canal, uma vez que após 12 quilômetros a água deixa a coloração escura e passa a ficar limpa. O prefeito pretende fazer o tratamento de esgoto, evitando o mau cheiro e a poluição na área”, comenta.

Celso lembra que a limpeza em si só já motiva os pescadores a manter o rio limpo. Eles, inclusive, avisam os agentes de limpeza onde há entulhos. Os materiais pesados, como pneus e até sofás são transportados pelo caminhão de lixo, enquanto que as garrafas pet serão recicladas, ficando na Associação. O lucro com a reciclagem é revertido para a entidade.

História do Canal Macaé-Campos

O Canal Macaé–Campos é um canal artificial com 100 quilômetros de extensão, entre Macaé e Campos na região norte do estado do Rio de Janeiro.

Aberto para facilitar o escoamento do açúcar produzido na região, até então transportado em carros de bois até ao porto de Macaé, é considerado como uma das maiores obras de engenharia do Brasil na época do Império. A opção natural de transporte pelo rio Paraíba até ao mar foi descartada porque o percurso era mais extenso, e, principalmente, porque a rota não atendia às fazendas de Quissamã.

As suas obras consumiram dezenove anos, entre 1843 e 1861, e a mão de obra de um número desconhecido de escravos africanos. Foi o segundo canal artificial do mundo - o primeiro foi o Canal de Suez - e foi abandonado com a chegada da ferrovia à região. Os trabalhos foram inspecionados pessoalmente pelo imperador D. Pedro II em 1847, que, na ocasião, se hospedou na Fazenda Mantiqueira, cortada pelo canal.

O seu percurso se estendia do porto de Macaé à margem direita do rio Paraíba, na altura de Campos, passando pela Lagoa Feia, cortando os atuais municípios de Quissamã e Carapebus, e o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Com uma largura média de 15 metros, ainda hoje é navegável em vários trechos, como o de Quissamã, onde se localizam diversas fazendas históricas e o parque natural.

Além de escoar a produção de açúcar, o canal também serviu para sanear a região pantanosa de Quissamã, na época infestada de mosquitos transmissores da febre palustre.

Atualmente, um projeto para a recuperação do canal vem sendo o ponto de partida para incentivar o turismo histórico e ecológico no Norte Fluminense, incentivando o desenvolvimento sustentável da região.