Pescadores voltam a debater pesquisas sísmicas

18/03/2009 14:37:41 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Foto: Ana Chaffin

Abalo sísmico tem afastado peixes como o cação, o peroá e a sardinha

Pescadores de Macaé e de toda a região Norte Fluminense voltam a se reunir nesta sexta-feira (20) para discutir a questão das pesquisas sísmicas feitas para a indústria petrolífera na Bacia de Campos. O debate está tendo apoio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, atendendo a pedido dos pescadores, feito através da Subsecretaria de Pesca.

A reunião em São Francisco de Itabapoana terá a participação de pescadores vinculados a colônias e associações de pesca de localidades como Farol, Atafona, Gargaú, Guaxindiba e Macaé.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico Cliton da Silva Santos, a questão sísmica está sendo importante para unir os pescadores. “Já fizemos o primeiro e o segundo encontros em fevereiro e para o próximo em São Francisco do Itabapoana, vamos tratar das perdas de produção de pescado na região, em função das atividades offshore”, comenta.

O presidente da Associação Mista de Pescadores de Macaé, Valtair Pessanha Mata, disse que o terceiro encontro sobre pesquisa sísmica visará promover a elaboração de documento para ser entregue à Agência Nacional de Petróleo (ANP), fazendo reivindicações e solicitações.

- Não queremos impedir o progresso, no entanto, merecemos e precisamos de compensação e em São Francisco do Itabapoana iremos discernir como tal justiça deverá ser feita para os pescadores, comentou Valtair.

Ele lembra que o cação, o peroá e a sardinha foram os mais afetados pelos abalos sísmicos, uma vez que nunca mais ficaram disponíveis como anteriormente à pesquisa no litoral do Estado do Rio de Janeiro.

Já Cliton afirma que sua secretaria tem o objetivo de organizar estas discussões e elaborar junto com os municípios vizinhos políticas públicas para compensar “a sacrificada classe pesqueira”.

- O documento que os pescadores pretendem elaborar será apresentado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e à ANP e a quem mais for preciso, disse o secretário.

Há seis anos que, de acordo com os pescadores, todo o litoral fluminense vivencia o fato de embarcações contratadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para buscar a descoberta de petróleo por meio de tiros a ar com potência para atingir sete mil metros abaixo do solo que fica sob o mar. Isto provoca um abalo sísmico que tem afastado peixes como o cação, o peroá e a sardinha, provocando prejuízos para a classe pesqueira.