Prefeitura busca novas alternativas econômicas para Macaé

12/05/2009 09:22:31 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Foto: Robson Maia

Investimentos nas áreas pesqueira e de agronegócio fortalecerão setores tradicionais da economia macaense

Pensando no fortalecimento de todos os segmentos econômicos e não apenas o setor petrolífero, a prefeitura de Macaé está mantendo contatos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por intermédio do Instituto Brasileiro de Administração (Ibam), para que áreas tradicionais como a pesca e a agropecuária sejam receptoras de atenção e de esforços do poder público.

Dessa forma, fábrica de leite em pó e entreposto pesqueiro em Macaé são assuntos tratados entre o Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (Fumdec), da prefeitura e aquelas instituições.

O presidente do Fumdec, Francisco Navega, disse que sua equipe está trabalhando para que tais convênios sejam concretizados. “A meta do acordo entre a administração municipal e o BID e o Ibam é que sejam realizados investimentos no setor pesqueiro, na agricultura familiar e no agronegócio leiteiro da cidade. Nossa expectativa é de que a fábrica de leite em pó atenda a seis cooperativas da região, com sede em nossa cidade”, pontua Navega.

Para o subsecretário de Pesca de Macaé, José Carlos Bento da Silva, o entreposto pesqueiro irá favorecer quesitos como estocagem e beneficiamento do produto. Macaé possui cerca de cinco mil pessoas vinculadas economicamente a esta área. “O entreposto também diminuirá o preço de matérias primas da pesca, como o gelo e o óleo, diminuindo ainda o custo da pesca em geral”, avalia José Carlos Bento. Os gastos e investimentos para tudo isso pode chegar à casa dos R$ 3 milhões.

De acordo com Francisco Navega, a exploração de petróleo na Bacia de Campos, iniciada na segunda metade dos anos 70 e intensificada nos últimos 30 anos, utilizou o município de Macaé como epicentro logístico das operações offshore, promovendo diversos impactos na sociedade e na economia local.

Ele acrescenta que embora a maior parte dos impactos gerados seja positiva, decorrentes do incremento de investimentos e do adensamento produtivo, o crescimento desordenado gerou também um elevado passivo social e ambiental, bem como a desestruturação de segmentos econômicos tradicionais que não conseguiram se reposicionar no cenário de predominância da economia petrolífera.

- Esse cenário de desarticulação das atividades tradicionais como a agricultura, a pesca, o turismo e mesmo os serviços de baixa complexidade, trouxe evidentes impactos sociais, tendo em vista que parte dos trabalhadores não conseguiu se realocar no segmento petrolífero – explica Navega.

Segundo disse, a visibilidade gerada pelo petróleo provocou ainda a chegada de expressivos contingentes populacionais de baixa renda que, em sua maioria, não foram incorporados às atividades petrolíferas, que trabalham majoritariamente com pessoal qualificado e especializado.

- Tal descompasso entre a oferta de mão-de-obra local e as demandas existentes resulta em um quadro de degradação das condições de vida da população, de agravamento da violência urbana e de expansão de favelas e outras formas de habitação subnormal – avalia o presidente do Fumdec.

Francisco Navega lembra ainda que para reverter esse quadro é preciso que se elabore e se implemente planos que envolvam a restauração daqueles setores econômicos, que são excelentes captadores de mão-de-obra menos envolvida com o mundo do petróleo.