Prefeitura de Macaé homenageia os 102 anos de Benedito Lacerda

08/03/2005 13:21:21 - Jornalista:

“Oh! jardineira porque estás tão triste, mas o que foi...”. Você já deve ter pulado muito carnaval ao som da “A Jardineira”, mas provavelmente não lembra que o autor dessa marchinha é o músico macaense Benedito Lacerda, que completaria 102 anos de nascimento no dia 14 de março. Em homenagem ao grande compositor e flautista, a prefeitura de Macaé, a Fundação Macaé de Cultura, o Conservatório Macaé de Música e o Programa Macaé com Música, promovem um work-shop, no dia 13, e um show na Nova Aurora, no dia 14.

“Ele foi um exímio flautista, parceiro do músico Pixinguinha, e cria da Nova Aurora. Compôs sucessos como “A Jardineira” e “Falta um zero no meu ordenado”. Não podemos deixar passar a data em branco”, enfatiza Lúcio Durval, diretor do Conservatório Macaé de Música e organizador do evento junto com Marco Aurélio da Fonseca, do Programa Macaé com Música.

O work-shop, que será realizado no dia 13, das 13h às 17h, no Conservatório Macaé de Música, é voltado para músicos que já sabem tocar algum instrumento. José Rangel(clarinete), Jean Carlos(flauta transversa), Robert Saliba (pandeiro), Maurício Moreira (violão) e João Peixoto (cavaquinho) estarão ensinando aos alunos teoria, prática e dando dicas aos alunos, cada um na sua área instrumental.

Durante o work-shop os alunos vão preparar duas músicas que serão apresentadas, juntamente com os professores, após o encerramento da aula, no Bico da Coruja, às 19h. No dia do nascimento de Benedito Lacerda, 14 de março, o show será na Nova Aurora, com Zé Rangel Quarteto e o grupo Palafita, às 19h. O grupo musical Zé Rangel Quarteto apresentará composições de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Benedito Lacerda e composições do clarinetista, saxofonista e compositor macaense Zé Rangel.

Choro, samba e bossa nova, é o repertório que o grupo Palafita - que é formado por músicos macaenses – estará apresentando em homenagem a Benedito Lacerda. O grupo, formado por Maurício Moreira (violão), Jean Carlos (flauta), Luiza (vocal), João Peixoto (cavaquinho) e Walber (percussão), já se apresentou ao lado de grandes nomes da música brasileira como Monarco, Nei Lopes, Henrique Cases, entre outros.

“A Fundação Macaé de Cultura ao gerenciar, difundir e fomentar a cultura em Macaé, passa a ser o instrumento fortalecedor do conhecimento e do amor à identidade do seu povo”, define Ivana Mussi, ressaltando a importância da preservação da memória de artistas macaenses, como é o caso do músico Benedito Lacerda.

Quem foi Benedito Lacerda
Em 14 de março de 1903 nascia em Macaé, aquele que viria a ser um dos maiores flautistas e compositores da música brasileira: Benedito Lacerda. De infância pobre, aos oito anos começou a tocar flauta de ouvido feita de taquara e furadas com grossos pregos em brasa. Iniciou seus estudos na Sociedade Musical Nova Aurora onde aprendeu a amar a música, que o tornaria um compositor famoso.

Aos 17 anos, foi para o Rio de Janeiro com a mãe, tentar a vida na capital. Fez de tudo um pouco: trabalhou no comércio, fez biscates, ingressou na Polícia Militar como músico de primeira classe. A partir de 1927 Benedito Lacerda passou a viver da música. Tocou em bailes, cinemas e teatro, e depois descobriu o sucesso através do rádio.

Teve seu grupo musical, batizado por Sinhô, como Gente do Morro, passando depois a se chamar Conjunto Regional Benedito Lacerda. Seu conjunto inaugurou a época dos regionais, influenciando o aparecimento de outros grupos que despontaram na Época de Ouro do rádio. Exímio flautista, Benedito compôs músicas inesquecíveis entre valsas, choros, sambas e marchas de carnaval.

“Despedida de Mangueira”, “A Lapa”, “A Jardineira” e “Estás no meu caderno” são algumas das composições de Lacerda que entraram para o rol das grandes músicas brasileiras. Na década de 40, ele passa a fazer parceria com Pixinguinha. Gravaram 17 discos juntos na RCA Victor. Ari Barroso, Herivelto Martins, David Nasser e Mário Lago, foram outros parceiros de Benedito Lacerda.
O músico morreu em 16 de fevereiro de 1958, em pleno carnaval.