Solar dos Mellos: preservando a história macaense

22/01/2010 12:06:11 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Foto: Kaná Manhães

Exposições, videotecas, palestras, teatro, café literário e outras atividades são oferecidas no Solar dos Mellos

Exposições, videoteca, palestras, cursos, teatro, recitais, café literário e visitas dirigidas são atividades que o Solar dos Mellos - Museu da Cidade de Macaé - oferece a moradores e visitantes. O zelo pela integridade desse patrimônio histórico cabe à subsecretaria Municipal de Acervo e Patrimônio Histórico, cujo subsecretário é o professor de História Ricardo Meirelles.

Ele responde a algumas perguntas sobre o Solar e suas finalidades, como surgiu, estrutura e condições favoráveis para uso por instituições e pessoas físicas, como por exemplo, o centro de memória Antônio Alvarez Parada, o jardim do prédio, o Auditório Presidente Washington Luis, amostras de acervos históricos e culturais, além do acesso à coleção Dr. Marlo Fabiano Seixas. O Solar fica na Rua Conde de Araruama 248, Centro.

Secom – Professor Ricardo Meirelles, como é constituída a subsecretaria de Acervo e Patrimônio Histórico?

Ricardo Meirelles – A subsecretaria tem por sede o Solar dos Mellos, uma edificação de significante valor histórico-cultural, perfeitamente adequada ao propósito de abrigar o órgão público e apoiar o Centro de Memória Antônio Alvarez Parada. Esse prédio foi edificado no ano de 1891, em chácara situada na então rua da Imperatriz, tendo como primeiro proprietário o coronel Bento de Araújo Pinheiro.

Secom – Qual era o estilo de época do casarão?

Ricardo Meirelles – O Solar dos Mellos foi construído sob forma de chalé, de fundo romântico. Essa edificação possui estilo arquitetônico eclético, elevado sobre porão alto, apresentando dois corpos com dimensões e volumes diferentes. A empreitada de sua construção foi entregue ao mestre-arquiteto português Manuel Ribeiro Capellão, posteriormente, o chalé teve como proprietário o capitalista português Bento Affonso da Silva.

Secom – Desde os fins do século XIX este prédio existe. Fale mais de sua história.

Ricardo Meirelles – O prédio foi adquirido pelo jornalista e comerciante Cézar José de Souza Mello, filho do fundador do jornal O Século, Antônio José de Souza Mello, no ano de 1911. Desde então, o lugar teve intensa movimentação cultural, recebendo inúmeros representantes da intelectualidade regional a exemplo de Godofredo Tinoco, presidente da Academia Campista de Letras e o grande historiador Antônio Alvarez Parada. Com o falecimento de Cezar Mello, a casa passa a pertencer a sua filha Noêmia Costa Mello.

Secom – Como foi a instalação do núcleo nesta casa?

Ricardo Meirelles – Em decreto de número 0042, que eu na condição de prefeito em exercício homologuei, no dia 29 de junho de 1999, o prédio foi desapropriado para a instalação de um núcleo cultural. Em 2003, foi dado início à obra de restauração e reciclagem do chalé, agregando posteriormente uma área externa para a construção do jardim, resgatando a estética do prédio e um pouco da historicidade de seu conjunto, além de possibilitar o desenvolvimento de atividades culturais e de promover uma memória viva.

Secom – O que ainda compõe o Solar?

Ricardo Meirelles – O Solar dos Mellos abriga em suas dependências espaços destinados a atividades científicas e culturais. O Museu da Cidade de Macaé dispõe de duas salas para exposições de caráter temporário, possuindo ainda acervo permanente composto de peças históricas acumuladas pela municipalidade desde o século XIX.

Secom – Como funciona o Centro de Memória Antônio Alvarez Parada?

Ricardo Meirelles – Esse centro cultural e histórico foi criado em 1991, tem o objetivo de resgatar, preservar e divulgar um importante acervo documental composto por impressos, manuscritos, fotografias e material áudio-visual. É muito procurado por estudiosos de todas as graduações. Uma equipe de pesquisadores está à disposição dos interessados para a orientação sobre história regional. Os visitantes contam ainda com terminal de computador onde parte do acervo pode ser acessada através da intranet.

Secom – E o Auditório Presidente Washington Luiz?

Ricardo Meirelles - Bem, esse espaço homenageia a figura do ilustre macaense, que foi presidente da república. Aí ocorrem palestras, cursos, debates e vídeos, que atendem professores, pesquisadores, historiadores que querem se aprofundar em temas relacionados às ciências humanas. Para trazer a sociedade para esse auditório, a Semaph disponibiliza vídeos semanais, com a finalidade de despertar as consciências acerca dos propósitos da subsecretaria.

Secom – O senhor havia dito que a coleção Doutor Marlo Fabiano Seixas é o primeiro conjunto de grande valor documental doado por iniciativa privada. Fale mais sobre isso.

Ricardo Meirelles – Essa coleção refere-se a um importante acervo biblioiconográfico com ênfase em história e arte, agregando objetos relacionados à carreira jurídica de seu constituinte. Além disso, disponibilizamos de doação do jornalista Luiz Hernesto – Coleção dos jornais O Rebate, Jornal da Cidade; Livros: A História da Capitania São Thomé de 1888 e o Brasil pela imagem: desenhos e legendas Álvaro Seth (macaense) da Colônia à República. Nós da Semaph queremos garantir a integridade desse tipo de conjunto.