Turismo contra o preconceito

04/11/2009 15:12:31 - Jornalista: Clinton Davisson

Uma turma formada por 40 professores, que faz pós-graduação em Afrocartografias, visitou no último fim de semana o Museu do Negro, em São Paulo. A viagem de ônibus foi gratuita com o apoio da Secretaria de Educação. Os alunos saíram de Macaé por volta da 23h da sexta-feira (3) e chegaram a São Paulo na manhã do sábado (31). Além do Museu do Negro, localizado no Parque Ibirapuera, os alunos também tiveram a oportunidade de visitar o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca. Exaustos, mas contentes e satisfeitos pela viagem, os alunos voltaram a Macaé no domingo (1º).

A doutora em Literaturas Africanas e coordenadora do curso de pós-graduação "Afrocartografias, marcas da travessia do negro no Atlântico" da Secretaria de Educação, Sônia Santos, viajou junto com os alunos e afirmou que o resultado superou as expectativas. “Muitos alunos não sabiam o que esperar da visita ao museu e ficaram muito impressionados com o que encontraram. A história dos povos da África é muito rica e diversificada e poucos sabem disso”, explicou Sonia, acrescentando que o grupo estuda a possibilidade de uma viagem ao continente africano no ano que vem.
A existência do curso de Afrocartografias impressionou também aos funcionários do Museu do Negro.

Formado em geografia pela PUC-SP, o professor Emerson Mello, foi o guia dos alunos no museu e afirmou que não é comum receber visitas de tão longe. “É muito gratificante que uma prefeitura como Macaé esteja aplicando a lei e investindo em seus professores transformando-os em divulgadores da cultura africana. É uma arma maravilhosa para derrubar preconceitos usando apenas a informação. Pois muitos classificam a cultura negra como algo ruim porque não possuem informações suficientes sobre sua complexidade”, explicou Emerson.

Um dos momentos mais marcantes da visita foi a sala do navio negreiro que continha a parte de uma nau portuguesa usada para o tráfico de escravos. Além de ter vários desenhos e artefatos usados para prender e dominar os escravos, a sala era propositadamente escura e abafada, criando assim um ambiente semelhante, embora amenizado, ao que os escravos enfrentavam durante a viagem da África para a América.

O curso de Afrocartografias é uma das ações da Semed para implementação da Lei 11.645, que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena". O projeto contempla professores da rede pública de Macaé e região circunvizinha. "O objetivo do curso é acabar com a estereotipia da cultura negra e indígena e dar condições para que os professores atendam a lei", informa Sônia que destacou a preocupação da secretaria com a implementação de políticas públicas em prol da igualdade racial.