Zé Ramalho encerra programação do Fest Verão 2011

01/03/2011 11:07:11 - Jornalista: Tamara Lima - estagiária

Foto: Bruno Campos

Dois anos depois do show histórico na Imbetiba, Zé Ramalho volta a Macaé e faz show domingo em Glicério

A programação variada, com shows todo final de semana, atraiu multidões de todos os lugares para curtir o Fest Verão. Neste final de semana, a programação será encerrada em Glicério, na Região Serrana. A grande atração é o cantor Zé Ramalho, que volta ao município depois do sucesso do show de 2009, no Festival de Cultura, e se apresenta no domingo (27), a partir das 22h. No show, Zé Ramalho terá no repertório grandes sucessos como “Entre A Serpente e a Estrela" , "Avôhai”, “Chão de Giz", “Admirável Gado Novo”, e “Táxi Lunar”.

Nesta sexta-feira (25), é a vez dos cantores locais Douglas de Freitas e Glauco Zulo, com músicas pop. Já no sábado(26) é a vez do reggae, com show de Dom Luiz Rasta, às 20h, e às 22h, Tribo de Jah. O Fest Verão é realizado pela Prefeitura de Macaé, por meio da Fundação de Esporte e Turismo (Fesportur).

De acordo com o presidente interino da Fesportur ,Rosalvo Júnior, o formato itinerante, realizado a cada semana num ponto diferente de Macaé, agradou ao público que compareceu em massa em todos os eventos – shows como o da banda Restart e da cantora Ana Carolina lotaram a Praia dos Cavaleiros..

- Com o apoio das secretarias de Ordem Pública, Saúde e Mobilidade Urbana, além da Polícia Militar, montamos uma infraestrutura para que o Fest Verão proporcionasse também conforto e segurança para toda a família macaense. Acredito que a fórmula dos shows itinerantes deu bastante certo, e já pensamos em repetir o mesmo modelo no ano que vem, disse Rosalvo.

Zé Ramalho

Nascido em 3 de outubro de 1949, José Ramalho Neto é natural de Brejo da Cruz (PB). Quando tinha dois anos, ficou órfão de pai, o seresteiro Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, que morreu afogado num açude do sertão. Com isso, sua mãe, a professora primária Estelita Torres Ramalho, entregou-o para ser criado pelos avós, José e Soledade Alves Ramalho, que tinham melhor condição financeira. Por isso Zé pôde estudar nos melhores colégios da cidade e até estudar medicina.

Sobreviver no Rio não era fácil. Zé precisou dormir em bancos de praças e trabalhar em gráfica para poder continuar apostando em seu próprio talento. Em 1977, foi convidado pelo produtor Augusto César Vanucci a ir a São Paulo (SP) participar da gravação da música "Avôhai", composição sua que seria incluída no novo disco da cantora Vanusa. E assim ele ia ganhando nome e conseguindo dinheiro. No mesmo período, Zé lançou o folheto de cordel "O Apocalipse De Zé Limeira".

No ano seguinte, ele gravou seu primeiro disco solo, que não só incluía "Avôhai" como também "Vila do Sossego", "Chão de Giz" e "Bicho De Sete Cabeças". A crítica elogiou seu trabalho e o público o comprou, maravilhados com as letras cheias de imagens míticas e o tom profético das interpretações. Resultado: Zé ganhou prêmio de melhor cantor revelação da Associação Brasileira de Produtores de Disco e da Rádio Globo.

A carreira do paraibano se consolidou em 1979, quando ele lançou seu maior clássico, "Admirável Gado Novo", e o grande sucesso "Frevo Mulher".

Em 1980, Zé participou do Festival de Música Popular da TV Globo, ficando entre os 20 primeiros colocados. Mudou-se para Fortaleza (CE) e ganhou seu primeiro disco de ouro. Com popularidade crescente, no ano seguinte se destacou com as faixas "A Terceira Lâmina" e "Canção Agalopada", ganhando outro disco de ouro. Também lançou o livro de poesias Carne de pescoço e os livretos Apocalipse e A peleja de Zé do Caixão com o cantor Zé Ramalho.

O artista viu seu nome envolvido numa grande polêmica em 1982. Tudo porque as letras de seu disco daquele ano se assemelhavam a alguns versos do poeta irlandês William Yeats, o que lhe rendeu um processo por plágio. Ficou tudo resolvido quando a Marvel, editora que publicava O incrível Hulk, admitiu ter dado crédito ao escritor na edição da revista em quadrinhos que inspirou as composições de Zé naquele LP. E ele ganha outro disco de ouro.

Seus discos já contavam com participações especiais de muita gente famosa em 1983, quando ele voltou a morar no Rio. No entanto, sua popularidade andava em baixa, o que o levou a dar uma reviravolta em sua carreira, deixando a influência do rock dos anos 60 falar mais alto que sua raiz nordestina. Só em 1986 ele retomaria o misticismo que havia se tornado a marca registrada de sua música. Em 1990, depois de um período de ostracismo, Zé gravou um disco só de forró e fez uma série de shows nos EUA.

Em 1996, a sorte de Zé Ramalho começou a mudar. "Admirável Gado Novo", um de seus primeiros sucessos, voltou a tocar sem parar nas rádios, graças à sua inclusão na trilha sonora da novela O Rei do Gado, da TV Globo. E seu nome voltou à mídia ao participar do disco O grande encontro, resultado de um show que fez em parceria com Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo. As críticas foram tão favoráveis e o público se mostrou tão receptivo que o grupo ganhou disco de platina duplo e voltou a se reunir em outros dois CDs, lançados em 1997 e 2000, embora sem Alceu.

Com o álbum Antologia acústica, de 1997, Zé comemorou 20 anos de carreira, fazendo uma releitura de suas canções mais conhecidas, o que lhe rendeu outro disco de platina duplo. No mesmo período, foi lançado o livro Zé Ramalho - um visionário do século XX, de Luciane Alves, e um songbook com 30 letras cifradas do compositor.

Parecia uma preparação para aquele que seria seu mais importante trabalho, o CD duplo Nação nordestina, de 2000, com o qual fez uma espécie de inventário da influência do Nordeste na MPB, contando com a participação de diversos artistas e citando a obra de tantos outros. O disco foi considerado um dos melhores exemplos da fusão da música nordestina com o mundo pop.

E assim Zé Ramalho vem construindo sua obra, inspirada tanto na literatura de cordel e nos ritmos nordestinos quanto no cinema, nas histórias em quadrinhos, nos livros de ficção científica, nos seriados de TV, no rock e na mitologia, alinhavando tudo com seu jeito único de cantar, como se estivesse narrando, e com suas composições que remetem a imagens.