Atendimento contribui para desenvolvimento de crianças autistas
Foto: Ana Chaffin
Atendimento integral aos familiares e à criança possibilita avanço no desenvolvimento
"Hoje eu sou outra pessoa, a relação com minha filha mudou e a dela conosco é muito melhor. Sem essa equipe eu estaria perdida", disse a autônoma, Leila Cláudia Pereira, mãe da pequena Alexia, de 3 anos, assistida pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) da Secretaria de Saúde de Macaé.
A menina que tem alguns sinais para patologias do espectro do autismo, recebe acompanhamento no Capsi há oito meses, por meio de um projeto inovador que atende crianças de zero a três anos que apresentam este tipo de sofrimento psíquico. Atualmente, 12 crianças nesta faixa etária participam das atividades na unidades. Semanalmente eles e seus pais se reúnem com a equipe multidisciplinar para atividades em grupo.
A coordenadora do Capsi, Iasmin Garcia, explica que a proposta é identificar e intervir precocemente nesta população de risco e favorecer um atendimento integral aos familiares e à criança, levando em conta suas necessidades clínicas, educacionais e sociais.
O relato da mãe do Heitor, de 2 anos e nove meses, a assistente administrativa, Caroline Araújo Figueiredo, também é emocionante. Ela conta que antes do filho completar um ano, ela percebeu que o menino tinha o desenvolvimento diferente da irmã.
- Eu ainda morava no Rio de Janeiro e ele tinha uns sete meses e eu já sentia um comportamento diferente, como movimentos repetitivos, depois, a demora na fala e no andar. Quando cheguei aqui em Macaé, fui atrás de um atendimento especializado e encontrei uma neuropediatra no Hospital Público Municipal (HPM), que fez todo processo até descobri que meu filho era autista -falou.
Caroline acrescentou que hoje seu filho recebe toda assistência oferecida pela rede cuidados da prefeitura. O pequeno Heitor, além de estudar na rede municipal, faz equoterapia, fonoaudiologia, atendimento multiprofissional no Capsi e já vai começar o acesso à sala de recurso da Secretaria de Educação. "Aqui no Capsi, o tratamento é diferenciado, é o único lugar que o Heitor pode ser que ele é. Para ele é um local de liberdade e, para mim, de aprendizado e de comunicação com meu filho", afirmou.
A psiquiatra do Capsi, Paula Ferraz, lembra que o projeto surgiu de uma demanda crescente de bebês que necessitavam de atendimento especial, principalmente, os que apresentam atraso de desenvolvimento de linguagem, não interagem e os que têm comportamento repetitivo.
Ela explica que, em muitos casos, nestes primeiros anos de vida, o diagnóstico não é confirmado. "Nesta faixa etária, propomos intervenções precoces, que poderão proporcionar um desenvolvimento melhor destes bebês, não se restringindo a um olhar classificatório", observou Paula.
Assim que a suspeita clínica é confirmada, é proposto pela equipe do Capsi um trabalho de terapia pais-bebês. Quando houver indicação, serão realizados atendimentos individuais ao bebê. "O atendimento em grupo já acontece na unidade com a participação de profissionais de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, musicoterapia, fisioterapia e psiquiatria, visando à importância de trabalhar as relações e os vínculos", frisou Paula.
Com objetivo de construir uma base de trabalho sólida, a equipe envolvida com o acompanhamento dos bebês no Capsi, conta com a supervisão da psicanalista, Eliane Pessoa, que trabalha com a terapia pais-bebês há mais de 30 anos. Ela é responsável pela Clínica Pais-Bebês da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) e filiada à International Psychoanalytical Association (IPA).
Esses cuidados também são desenvolvidos por diversos serviços do município, entre eles equipes de saúde mental da infância e adolescência, Educação Especial, Centro Especializado de Apoio ao Escolar (Cemeaes), o programa Follow-up, além de neuropediatras e toda rede da Atenção Básica da Secretaria de Saúde.