Biodiversidade do Parque Atalaia em exposição

03/06/2016 15:18:00 - Jornalista: Carla Cardoso

Foto: Henrique Abrahão Charles

Em exposição, imagens retratam as belezas da biodiversidade do Parque Atalaia

Os pequenos detalhes que podem ser observados nas asas de uma borboleta, as diferenças nas escamas que envolvem uma serpente, ou a simplicidade em observar um pequeno pássaro tomando banho de chuva. A natureza é cheia de belezas que às vezes passam despercebidas a olho nu. Mas não para o biólogo Henrique Abrahão Charles, que uniu ciência à arte da fotografia para trazer a público as miudezas escondidas em meio à fauna e flora do Parque Municipal Atalaia, em Macaé.

Algumas dessas fotografias serão expostas na Semana do Meio Ambiente, que será realizada entre os dias 3 e 10 de junho, na mostra "A biodiversidade do Parque Atalaia". Para montar essa exposição, que ficará em cartaz apenas um dia (07/06), no Paço Municipal, Henrique, que também é subsecretário de Ambiente, selecionou 20 imagens, das cerca de mil que tem guardadas em seu acervo.

Entre as fotografias escolhidas, algumas usam a técnica de foto macro-noturna (tiradas à noite e ampliadas para destacar pequenos detalhes), e não tem como deixar de reparar na Aranha Cara de Ogro, que tem a face parecida com o contorno de uma caveira. Ou na serpente Leptophis ahaetulla, com a boca aberta, e pronta a dar um bote.

- Na verdade, essa serpente não me atacou. Ela tem como característica ficar com a boca aberta por um tempo mesmo. Os pernilongos é que são os piores! Já a outra serpente que está na exposição, a Chironius Sp, a que parece que está no cantinho, observando, não parou de me atacar. Fiz mais de 100 fotos dela, para conseguir chegar à que eu queria. As fotos das serpentes foram tiradas em um período de dois anos. A Aranha Ogro também tem uma característica diferente. A teia que ela faz com as patas dianteiras parece uma tarrafa de pescador. Ela fica paradinha no local, faz a teia e fica esperando para jogar a 'tarrafa' e enrolar a presa - explicou Henrique.

O biólogo fotografa há oito anos e já publicou algumas imagens em redes sociais. Essa será a primeira exposição oficial. A ideia é fazer um acervo de imagens do Parque e deixar na secretaria de Ambiente, para expor em eventos promovidos pela equipe.

- O Parque Atalaia tem uma biodiversidade interessante. É um acervo que montei ao longo dos anos, quando trabalhei no Parque Atalaia e também nas caminhadas noturnas que fazemos no local, pelo menos umas quatro vezes por ano, a cada mudança de estação. O foco era fotografia científica, de biologia e zoologia. Não era bem artística. Essa parte da arte veio com o tempo. E eu procuro explorar as criaturas desconhecidas, porque é onde as pessoas não vêem beleza, não percebem as cores diferenciadas delas, os contrastes diferentes nas fotos. Como as pessoas não têm contato com isso, o zoólogo ajuda a traduzir para o cidadão comum - acrescentou.

O subsecretário ressaltou outra fotografia que chama atenção na exposição: a que mostra dois macacos Bugios. "Eles pararam na árvore, em frente ao refeitório do Parque do Atalaia. Foi uma foto contra luz, onde é possível ver as sombras e deu para ver um pouco o comportamento deles. Essa foto foi tirada esse ano", contou.

Animais estranhos - Em suas andanças noturnas pelo Parque Atalaia, Henrique lembra do animal mais estranho que já viu, mas infelizmente não conseguiu tirar foto: o "Mãe de Lua Gigante", um tipo de pássaro que o biólogo nunca tinha visto ao vivo.

- É uma ave noturna bem grande, sua sombra lembra a de um pterossáuro. Isso tem mais de um ano. Estávamos em uma caminhada noturna, com um grupo de pessoas e ouvimos o grito dela, parecido com o de uma onça. É preciso ser bem rápido para conseguir fotografar e ter apenas uma lanterna acesa, no momento certo. Infelizmente, ligaram a lanterna antes e ela voou. Mas sei que mais cedo ou mais tarde vou vê-la novamente - acredita Henrique.

A mostra ainda traz imagens de tucano, perereca, sapo, a ave araçari, entre outras.



Caminhadas noturnas

As caminhadas noturnas acontecem pelo menos quatro vezes por ano, no Parque Atalaia, com guias e técnicos. A participação é gratuita e qualquer pessoa pode participar, basta ter uma lanterna. A próxima vai acontecer no inverno, mas ainda não tem data definida. A proposta é fazer uma trilha segura, com acompanhamento técnico, ouvindo os barulhos da natureza. Sempre tem início às 18h e termina por volta das 21h.

O Parque Atalaia está localizado a 27 quilômetros do Centro de Macaé, possui 235 hectares - 75% de mata fechada - e é uma das poucas reservas de Mata Atlântica ainda intactas no Estado do Rio. O Parque fica na área da antiga Fazenda Atalaia, e foi usado como o primeiro manancial de abastecimento da cidade com água potável.

O Parque mantém um acervo de imagens cedidas por diversos fotógrafos.



SERVIÇO

Mostra - A biodiversidade do Parque Atalaia

Data: 7 a 10 de junho, 8h às 17h.

Local: Paço Municipal

* A Mostra faz parte da Semana de Meio Ambiente.


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