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Documentação inédita revela jornal mais antigo de Macaé

17/12/2014 14:11:00 - Jornalista: Marilene Carvalho

Foto: Gisele Muniz/Acervo e Patrimônio Histórico

O exemplar de "O Macahense" é do ano de 1861

Os pesquisadores do Solar dos Mellos, da Fundação Macaé de Cultura, que atuam no Projeto Macaé em Fontes Primárias, descobriram recentemente um novo periódico que pode ser o primeiro jornal do Município. Trata-se de um periódico cujo título é "O Macahense" e se dizia literário, agrícola e comercial. Era de propriedade de Joaquim Silva Tavares e publicado num formato tabloide. O jornal circulava às quintas-feiras e aos domingos e tinha a sua oficina situada na antiga Rua Formosa (atualmente Teixeira de Gouveia), número 9. A edição encontrada é a de nº 42, publicada no dia 24 de novembro de 1861, como um anexo do Processo de Falência envolvendo os dotes de José Antonio Vianna e José Quintella de Miranda no ano de 1861.

A descoberta de "O Macahense" pode levar a uma revisão e a um novo conhecimento da História da Imprensa Macaense. Fato que, até então, só fora revelado nos estudos de memorialistas e historiadores macaenses como Godofredo Tinoco e Antonio Alvarez Parada, que apontavam como mais antigo periódico em circulação no Município o jornal "O Monitor Macaense", editado em 1862. Para além dos estudos de Tinoco e Parada, não se tinha notícia sobre documentos que fundamentassem as origens da história da imprensa em Macaé e, ainda hoje, é ínfimo o conhecimento a respeito da tipografia macaense.

O acesso a este processo só foi possível devido à dedicação da equipe de pesquisadores do Solar dos Mellos e do projeto Macaé em Fontes Primárias, que vem sendo desenvolvido pela Vice-Presidência de Acervo e Patrimônio Histórico/ Fundação Macaé de Cultura e pelo Solar dos Mellos - Museu da Cidade de Macaé desde de 2006. A datar do ano 2013, a documentação pertencente aos Cartórios de 1º e 2º Ofícios de Notas vem sendo identificada, higienizada e catalogada pelos estagiários William Euclides Santos da Silva (graduando em Ciências Sociais), Rodrigo Gomes Barcelos (graduando em História), pelo servidor/ gestor de projetos Leonardo Barreto e sob a coordenação técnica da servidora e arquivista Juliana Loureiro Alvim Carvalho. O projeto é coordenado por Gisele Muniz dos Santos Cautiero, historiadora e vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico, e pela professora e historiadora Conceição Franco.

De acordo com Gisele Muniz, o cuidado com esta documentação está a cargo de uma equipe multidisciplinar e é um trabalho minucioso que requer muita atenção e cuidados especiais. Como resultado da atuação e do trabalho, já foram identificados mil e seiscentos e nove processos criminais e cíveis. Ainda resta identificar cerca de cinco mil processos em via de tratamento. "Para que possamos disponibilizar esta documentação para pesquisa, antes é preciso realizar alguns procedimentos básicos como o levantamento de tipologias documentais por meio de planilha eletrônica", explicou.

Juliana Loureiro Alvim Carvalho, arquivista responsável pelo tratamento técnico desta documentação, ressalta que a importância de se concluir algumas das atividades arquivísticas justifica-se pela necessidade de criar instrumentos de pesquisa. Mesmo não concluídas algumas das etapas que envolvem o processo arquivístico, o acervo em questão poderá ser liberado à consulta. Ainda segundo Juliana, neste ano de 2014 esta documentação foi disponibilizada para estudos de genealogistas que buscavam comprovar cidadania europeia. "Durante o nosso trabalho, deparamo-nos com processos dotados de grande valor permanente para o Município e, até mesmo, para o nosso país", comentou.

- Por tudo isso que foi exposto, gostaria de reafirmar a relevância do tratamento desta documentação jurídico/cartorária pelo fato da mesma ser, em grande parte, inédita. Acontecimento que, por si só, denota a importância em priorizar a sua conservação. O acesso para o estudo dessas fontes permitirá conhecer melhor a História de Macaé e Região -, complementa Conceição Franco.