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Dossiê Mulher 2021: dados de Macaé foram registrados em documento

25/11/2021 14:46:00 - Jornalista: Carla Cardoso

O dossiê que traz números sobre violência contra a mulher foi apresentado em encontro online

Em Macaé, no ano de 2020, 1.041 mulheres sofreram algum tipo de violência, segundo registros apontados no Dossiê Mulher 2021, documento produzido pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio, que foi apresentado nesta quinta-feira (25), no IX GT da Rede de Proteção e Atendimento à Mulher, do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam). Em um encontro online, atividade que marcou o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres, os registros foram mostrados por Elisangela Oliveira dos Santos, integrante do Núcleo de Estudos ISP Mulher e co-autora do trabalho. O dossiê pode ser encontrado, na íntegra, aqui: http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/uploads/DossieMulher2021.pdf.

Os números apontam que, em média, por dia, duas mulheres são vítimas de algum ato violento. Destas, 37,6% foram vítimas de violência física e 32,6%, psicológica. Do total, 57% tinham entre 30 e 59 anos e 36% possuíam o Ensino Médio completo. Entre as violências cometidas, 50,7% aconteceram dentro das residências e 64,8% dos agressores tinham alguma relação ou parentesco com as vítimas.

Segundo Elisangela, o documento levou em consideração o número de registros feitos nas delegacias em todo o Rio, que apontou 78 vítimas de feminicídio no Estado, onde 78,2% foram mortas pelos companheiros ou ex-companheiros. Destas, 52 eram mães e 34 tinham filhos menores de idade. Cerca de 74,4% dos crimes ocorreram dentro de residências e 20% destes foram presenciados pelos filhos.

“Do total de violência contra as mulheres, 42,7% dos casos ocorreram no interior do Estado. Foi um trabalho construído por várias mãos, com agentes policiais, cientistas sociais, e foi um desafio por conta de tratar os dados de 2020, que foi ano da pandemia, de isolamento e temos consciência de que os dados que trazemos são o retrato de uma realidade de mulheres que conseguiram registrar online ou na delegacia, mas tantas outras não tiveram essa oportunidade por questões econômicas, medidas do isolamento social e medo de se contaminar com a Covid-19. A partir desses dados e estatísticas, nosso intuito é contribuir para políticas públicas em nível estadual e municipal”, explicou a especialista.

Entre outros dados, Elisangela ressalta que o dossiê traz, pela primeira vez, o registro de crimes enquadrados em ameaça, constrangimento ilegal, divulgação de cena de estupro e registro não autorizado da intimidade sexual: no Estado, foram 31.140 mulheres vítimas nesses casos, 598 mulheres por semana.

“Percebemos um aumento de 15,8% no comparativo de 2019, em relação à incidência no ambiente virtual registrada desde 2014 (55 vítimas). Em 2020, foram 1.201 vítimas. Acreditamos que no Dossiê 2022 esses números serão muito maiores. O documento apresenta, ainda, reflexões acerca dos impactos da pandemia na violência psicológica, a partir do relato de uma história baseada nos inúmeros feminicídios registrados no Estado”, pontuou Elisangela.

Jane Roriz, coordenadora geral de Políticas para as Mulheres e do Ceam, falou sobre as atividades do GT, cujas reuniões acontecem sempre às últimas quintas-feiras de cada mês, e sobre a importância dos dados apresentados que são fundamentais para a criação de políticas públicas e de proteção às mulheres.

“Esse documento é um grande desafio, com estudo de dados que servirão de instrumento para nós que atuamos com proteção às mulheres. A nossa voz pode salvar uma vida, por isso é importante que possamos contribuir nessa questão. São registros de mulheres que conseguiram superar o desafio de denunciar e se desvencilhar de seus agressores”, destaca.
Ação pelas mulheres – O encontro desta quinta-feira fez parte da ação “16 dias de ativismo: uma vida sem violência é um direito das mulheres”, uma campanha internacional pelo fim dessa violência. O encerramento será em 10 de dezembro, em paralelo ao encerramento da Semana dos Direitos Humanos. Para participar das rodas de conversa, cuja programação pode ser encontrada em nosso site e redes sociais, basta solicitar o link através do e-mail: ceam@macae.rj.gov.br.