Foto: Ana Chaffin
Município traz como pauta a violência contra o sexo feminino, a equidade e a ideologia de gênero machista
O segundo Seminário sobre Violência, promovido nesta quarta-feira (29), reuniu 160 participantes e colocou em pauta a prevenção de violências contra o sexo feminino, a equidade e a ideologia de gênero machista. O evento, organizado pela prefeitura, aconteceu das 9 às 13 horas e de 14 às 18 horas, no Auditório Cláudio Ulpiano, na Cidade Universitária. A Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos e Cidadania, a Coordenadoria de Políticas para Mulheres e o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) foram responsáveis pela programação.
A importância do seminário foi destacada pela Secretária de Desenvolvimento Social, Tatiana Pires. “A violência está em toda parte, em todas as classes sociais, não está restrita à raça, cor de pele, religião. O município tem equipamento de proteção para acolher a mulher vítima de violência, que vem fragilizada, mas é atendida por um trabalho de rede de modo a garantir a essa mulher a segurança”, disse a secretária.
Satisfeita com a adesão pública ao evento, a coordenadora de políticas para mulheres e do Ceam, Jane Roriz, evidenciou os dados: em 2016 foram 3.921 atendimentos sociais, psicológicos e jurídicos pela equipe técnica, formada por assistentes sociais, psicólogos e advogados, referenciados por algum órgão que atende as mulheres ou por demanda espontânea.
Na parte da manhã, o seminário contou com palestras, apresentação do Dossiê Mulher, feita pela major da PM, Cláudia Moraes, uma das organizadoras do Dossiê Mulher e coordenadora estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança.
Sobre o Dossiê Mulher, a major Cláudia pontuou que ele foi criado em 2006, anterior à Lei Maria da Penha, trazendo nesses onze anos todos os dados sobre a violência contra a mulher no Estado do Rio de Janeiro, dando visibilidade a essa questão e possibilitando a criação de políticas públicas. “A prevenção contra a violência avançou bastante. A mulher vem ocupando espaços importantes, em postos de comando público ou privado, com maior presença nas universidades, mas continua sendo vítima”, disse a major, informando que o Dossiê Mulher está disponível no http://www.isp.rj.gov.br/.
Monique Rangel do Carmo Gouveia, coordenadora do Centro de Referência do Adolescente, apresentou o Dossiê Criança e Adolescente, com números de atendimentos a crianças e jovens vítimas de violência, com Banco de Dados do município (Diad). O Centro de Referência do Adolescente é ligado à Secretaria de Saúde e funciona na Rua das Laranjeiras, s/n°, Imbetiba, com telefone 2796-1059.
Dados apontam que maior agressor é o parceiro da vítima
Os dados da violência contra a mulher em Macaé, de 2008 a 2017, registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/MS) foram apresentados pela psicóloga Maria Lusia Sarubi de Mello, do Programa Saúde da Mulher, da Secretaria de Saúde. Os dados são amplos e vale registrar que, de acordo com eles, o maior agressor é o parceiro íntimo (cônjuge, namorado ou ex) e a faixa etária com o maior número de vítimas é de 20 a 39 anos (idade reprodutiva). Há meninas de 15 a 19 anos entre as vítimas de violência, o local onde os registros mais ocorrem é a residência, mulheres e meninas gestantes têm sido vítimas violência e o bairro onde foram registrados mais casos em Macaé foi o Lagomar e as mulheres negras e pardas são as mais vitimizadas.
Na parte da tarde aconteceram as apresentações: Ideologia de Gênero Machista e a Prevenção de Violências contra o sexo feminino; lançamento da Campanha Desconstruindo a Ideologia de Gênero Machista; apresentação do Grupo Grutas, com o Projeto Refletir: uma alternativa para a prevenção da violência de gênero; o Ceam e as estratégias de Prevenção; Grupo de reflexão de Homens como estratégia de Prevenção de violência.
O evento contou com o apoio do Curso de Psicologia da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Estácio de Sá.
Neste ano, até 13 de março, foram realizados pelo Ceam 300 atendimento à mulher vítima de violência. Outro dado é que os índices de violência aumentam nos momentos festivos, nos feriados, nos finais de semana, quando fatores externos (como o uso de bebidas alcoólicas) colaboram com o aumento da violência. Na quinta-feira pós-Carnaval, por exemplo, foram realizados pelo órgão 32 atendimentos.