Com o objetivo de realizar diagnóstico nutricional descritivo e analítico da população, Macaé conta com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), disponibilizado pelo Ministério da Saúde. A ferramenta auxilia no planejamento de políticas e ações no setor alimentar e nutricional por meio de coleta de informações nas unidades de saúde da rede pública. Nesta sexta-feira (12), a ação foi direcionada a gestantes do Núcleo de Atendimento à Mulher e à Criança (Nuanc) Aroeira.
Mãe de três meninas e no quarto mês de gestação de Guilherme, Agilce da Conceição Teixeira (39) confessou, durante o encontro, que essa é a primeira vez que realiza o pré-natal de forma correta.
"Nunca tive problemas durante minhas gestações, mas eu sei que foi sorte. Dessa vez, eu optei por fazer tudo corretamente. Escolhi ser acompanhada de forma adequada por esses profissionais que o município nos oferece. Eu tomava refrigerante sem parar, café a todo instante, carne com gordura. Esses encontros nos mostram que é sim possível fazer refeições saudáveis, saborosas e baratas, além da importância da mudança do hábito alimentar em prol de uma vida mais saudável", destacou a auxiliar de serviços gerais.
Na ocasião, a nutricionista do Nuanc Aroeira, Mônica Carvalho, explicou as diversas maneiras de adquirir produtos com preços acessíveis para mudar o hábito alimentar. "Em supermercados, por exemplo, sempre tem o dia da fruta, da verdura, dos legumes. Tem os dias em que determinados produtos estão na promoção e, caso haja planejamento, não só a gestante, mas toda população pode mudar sua forma de se alimentar e experimentar uma vida mais saudável", disse Mônica.
De acordo com a nutricionista e gestora técnica do Sisvan, Carolina Pires, o estado nutricional materno exerce grande impacto no resultado gestacional. No acompanhamento pré-natal, preconiza-se monitoramento do ganho de peso e promoção de práticas alimentares saudáveis para prevenção de agravos. As elevadas demandas nutricionais do período associadas às construções socioculturais da maternidade (“desejos” e “comer por dois”) e o apelo midiático da indústria alimentícia constituem fatores de risco à adesão de padrões alimentares que propiciam o desenvolvimento de obesidade e comorbidades associadas.
Relatórios consolidados da base de dados do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional-SISVAN WEB de gestantes com acompanhamento pré-natal na Rede de Atenção à Saúde de Macaé, em 2017, mostram que, das 783 gestantes, 57,6% apresentavam excesso de peso (sobrepeso e obesidade). Carolina explica que mais da metade das gestantes que apresentaram excesso de peso, realizaram as refeições utilizando equipamentos eletrônicos e consumiram bebidas adoçadas. Os achados sugerem a possível influência da mídia e dos padrões vivenciados em redes sociais no estado nutricional das gestantes.
"Ações de educação alimentar e nutricional poderão, em médio e longo prazos, melhorar as escolhas alimentares e, consequentemente, o perfil antropométrico das gestantes macaenses", conclui a nutricionista.