Foto: Rui Porto Filho
Fundador da Associação Macaense Futebol Escola, Osmar Sardenberg, é um dos escolhidos para carregar a tocha olímpica
Em um painel improvisado, de madeira, no cantinho da sala da casa simples, ainda em construção, no bairro Jardim Pinheiro, o macaense Osmar Luis Pinheiro Sardenberg exibe, como troféus, os diplomas de cursos que fez pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), Liga Macaense de Desporto e muitos outros. Aos 69 anos (ele completa 70 no dia 10 de julho), Mazinho, como é chamado desde criança, tem orgulho de seus cabelos brancos e da história que eles representam nos 31 anos dedicados à Associação Macaense Futebol Escola (Amfe).
Este ano, mais um feito especial vai entrar em seu painel e em suas lembranças. Mazinho é um dos quatro macaenses selecionados pela Fundação Municipal de Esporte (Fesporte) para conduzir a tocha dos Jogos Olímpicos de 2016, na cidade, no dia 31 de julho. O motivo da escolha é a dedicação ao trabalho com meninos na escolinha de futebol, por onde passaram alunos que se tornaram atletas ilustres como o jogador Ferrugem, que foi para a Europa; Luciano Leandro, treinador na Indonésia; e Pé Grande (Zeca), um dos coordenadores do Macaé Esporte.
- É uma honra poder carregar a tocha. Nunca imaginei que participaria de algo tão grande. Tem tanta gente mais importante na cidade. Fico muito feliz, pois são 31 anos dedicados a esse trabalho na escolinha de futebol, com meninos de 7 a 17 anos. O projeto não é só para revelar craques. Até o prefeito Dr. Aluízio já foi atleta nosso. Ele e muitos outros que são vereadores, que se tornaram líderes. É até difícil citar nomes. Muita gente passou por lá, conta Mazinho, enquanto brinca com uma bola oficial autografada por Vagner Love e pelo goleiro Felipe, lembrança de um amistoso, na Gávea, em 2014.
Mazinho conta que foram cerca de oito mil alunos, ou atletas, como ele prefere chamar. "Ainda tenho as fichas de todos eles, desde o primeiro", ressalta o treinador, ao relembrar como tudo começou.
- Foi com apoio do meu pai, descendente de austríaco e alemão, Osmar Sardenberg, quem eu sempre acompanhei no futebol. Ele adorava. Sou o quinto de 10 filhos e era o único que, durante um tempo, deixava de ir à Escola Bíblica Dominical, para ir jogar bola com meu pai que era jornalista e professor de português. Começamos em 1972, na rua mesmo, no Jardim Pinheiro, onde vivo até hoje. Aquela área enorme era toda do meu avô e fizemos um campo de futebol nos fundos de casa. Mas a escolinha fundamos em 1985, lembra, emocionado, ressaltando que foi o único dos nove irmãos que se dedicou ao esporte.
Com a paixão pelo futebol amador no sangue, Mazinho conta que chegou a jogar bola no Americano e no Ypiranga, mas não levou a carreira adiante. Logo após, fez curso de arbitragem, treinador e foi se especializando para trabalhar com crianças.
- Deus me deu esse dom: saber lidar com os jovens. Sempre acompanhei de perto, queria saber como estava na escola. Fizemos muitos amistosos e só quem tinha nota boa podia participar. Também trabalhei por um bom tempo na Secretaria Municipal de Esportes. Hoje, mesmo estando com trabalho administrativo na Amfe, tenho um time de meninos nascidos entre 92/93 que representa a associação no futebol amador nos campeonatos, enfatiza, acrescentando que acompanha o time nos jogos. "Já fomos a Belo Horizonte, Bahia e conquistamos muitos prêmios".
A Associação - Com o mesmo slogan de 30 anos atrás, "Educação, esporte, lazer pelos homens do amanhã", a Amfe mantém os treinos todas segundas, quartas e sextas-feiras, a partir das 15h, no campo sintético do Bairro da Glória. É gratuito e qualquer pessoa pode participar. Basta ir ao local, no horário, e fazer o cadastro.
Mazinho ainda tem um sonho a realizar: ter um espaço próprio para a escola, com direito a campinho de futebol. "Sou macaense enjoado mesmo. Não gosto que falem mal da cidade. Ainda espero que a gente consiga uma área. Quase conseguimos, uma vez. Mas enquanto estiver vivo, vou tentar", frisa o treinador, que é pai de três filhos e avô de três netos. Dos filhos, nenhum joga futebol. Mas parece que a paixão já acompanha a nova geração. "Dois netos fazem a escolinha", comemora.
Organização do percurso - A Fundação de Esporte de Macaé (Fesporte) e outras secretarias da administração municipal estão em contagem regressiva para a realização do evento. Macaé é um dos 83 municípios brasileiros escolhidos para ser "Cidade Celebração" das Olimpíadas, e está entre as 329 selecionadas para o revezamento da Tocha Olímpica.
O município foi presenteado com um palco para uma grande festa que celebrará o acontecimento. O comboio do revezamento da tocha Olímpica chega em Macaé no dia 31 de julho após passar, neste mesmo dia, por Cordeiro, Itaocara, São Fidélis, Campos dos Goytacazes e Conceição de Macabu.