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Canal Campos Macaé é tema de tese de doutorado

04/05/2011 15:01:47 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Foto: Ana Chaffin

Historiadora levanta todas as nuances do Canal, inaugurado em 1872

O canal que liga Campos a Macaé, oficialmente inaugurado no ano de 1872, está sendo estudado em todas as suas nuances, da sua estrutura à história, passando pelo viés político. Trata-se do trabalho de doutorado da professora de História Ana Lúcia Nunes Penha, intitulado “Nas águas do canal: política e poder na construção do canal Campos-Macaé (1835 a 1875)”.

A historiadora lembra que a decadência do canal se deu com a construção da estrada de ferro na região, composta hoje pelos municípios de Campos, Quissamã, Carapebus e Macaé, numa extensão de 100 quilômetros. O canal também passa pela lagoa de Jurubatiba.

A historiadora conta ainda que políticos da região, como o Visconde de Araruama – que era proprietário de terras em Quissamã e deputado da Assembléia da antiga província – lutava pela construção do canal. Ele queria beneficiar toda a região.

- Muitos políticos trabalhavam pela construção do canal, como o campista João Caldas Vianna – ressalta Ana Lúcia.

Ela diz que, em Macaé, o canal desembocava na foz do rio Macaé, trazendo mercadorias para o porto de Imbetiba, de onde os produtos iam para o porto do Rio de Janeiro. Em 1861, o canal Campos-Macaé passou a funcionar. Mas suas condições de navegabilidade tinham deficiências.

Os jornais da época criticavam o projeto, cujo preço custara um mil, quatrocentos e trinta e dois réis à província do Rio de Janeiro, que só conseguiu o dinheiro via empréstimo com o governo imperial. Por sua vez, o império esperava receber a quantia de volta através de cobranças de taxas de uso do canal.

De fato, a imprensa da época também questionava o pressuposto de que o canal não atendia satisfatoriamente às demandas de fazendeiros e comerciantes da região.

Há indícios de que houve mão-de-obra livre composta por trabalhadores brasileiros e de outros países nessa empreitada. Mas também é possível que cada fazendeiro tivesse inserido trabalho escravo em suas áreas de atuação. É que foram vários os construtores do canal em seus quase 30 anos de construção.

Ana Lúcia vai concluir sua tese de doutoramento em março do ano que vem, na Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela tenta entender os avanços e retrocessos do canal, comparando sua história com a do império.