Macaé: berço de personalidades ilustres
Benedito Lacerda: parceiro de Pixinguinha e um dos criadores do chorinho
Macaé completa nesta sexta-feira (29) 198 anos de emancipação político-administrativa. Muita gente não sabe,mas a cidade é o berço de personalidades ilustres, que se tornaram conhecidas em todo o país. Do músico Benedito Lacerda até o ex-presidente Washington Luis, passando pelo cartunista Seth, o município trouxe grandes talentos para o país, especificamente nas áreas política, cultural e musical.
Citando algumas dessas personalidades, o vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico da Fundação Macaé de Cultura, o professor de História Ricardo Meirelles, é enfático ao afirmar que é preciso que todos saibam da suma importância que esses macaenses proporcionaram para a sociedade brasileira.
- São exemplos de macaenses, cujas histórias de vida são motivos de orgulho para os que nasceram e para os que vieram morar em Macaé – relata ele.
Cultura
No âmbito cultural, a cidade é a terra natal do professor, escritor e historiador Antonio Alvarez Parada, um intelectual que influenciou várias gerações de macaenses. Outro escritor, mas especialista em América Latina, foi o jornalista Milton Carvalho, que trabalhou no periódico Pasquim. Ele era conhecido no Rio de Janeiro como ‘Amarelinho’ e atuou nos jornais O Globo, Jornal do Brasil e na TV Bandeirantes.
- Ainda no aspecto da cultura, eu não poderia deixar de me referir ao cartunista Seth, que trabalhou nas revistas Fon Fon, Fatos e Fotos e O Cruzeiro. Ele escreveu o famoso livro “Brasil pela Imagem”, no qual mostra 188 gravuras, distribuídas em 188 páginas, mostrando do Brasil colonial até o regime de Getúlio Vargas. Tudo desenhado em bico de pena - ressalta o professor de História.
Dentre os desenhos de Seth encontram-se “Voo no 14 Bis”, “A Guerra de Canudos”, “Os 18 do Forte de Copacabana”, “Os primeiros bondes elétricos na cidade do Rio de Janeiro” e outros. Neste último, o artista macaense faz um contraste entre os meios de transportes charretes e bondes. Tudo via desenhos, com seus respectivos textos-legenda, também feitos por ele.
Política
De Macaé, saiu um presidente da República. Foi Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957). Foi advogado, promotor, historiador e político brasileiro, décimo primeiro presidente do estado de São Paulo, décimo terceiro presidente do Brasil e último presidente da República Velha. Governou de 15 de novembro de 1926 até 24 de outubro de 1930, quando foi deposto pelas forças político-militares comandadas por Getúlio Vargas, na denominada Revolução de 1930.
De acordo com Ricardo Meirelles, outro expoente político de Macaé, foi o deputado Claudio Moacyr de Azevedo. “Ele foi prefeito de Macaé, deputado estadual por quatro vezes e presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Assumiu interinamente o governo do estado do Rio e recebeu o ex-presidente francês François Mitterrand, na condição de presidente da Alerj”, enfatiza ele.
Música
Ficou famoso no país o trabalho do flautista e compositor Benedito Lacerda (1903-1958). Seu período de atividade musical foi de 1928 até sua morte, com apenas 54 anos. Ao findar os anos vinte e iniciar a década de 1930, Benedito Lacerda organizou um grupo com ritmos brasileiros, batizado de Gente do Morro. O "Gente do Morro" caracterizava-se pelos efeitos de percussão, com criatividade nos solos de flauta. Era amigo de Pixinguinha com quem fez algumas composições.
A conhecida música de carnaval “A Jardineira”, foi composta por Benedito Lacerda, que na década de 1940, tocou nos cassinos que agregavam a música nacional e perpetuou uma série de gravações antológicas em parceria de flauta e sax com Pixinguinha, privilegiando o repertório de choro. Também atuou compondo com mestres como: Humberto Porto, Orlando Silva, Herivelto Martins e Francisco Alves, entre outros.
- Outro memorável macaense na esfera musical foi Viriato Figueira da Silva, vinculado ao grupo de Chiquinha Gonzaga. Atualmente, temos a cantora Ângela Maria, nascida em Conceição de Macabu quando era distrito de Macaé. Também era macaense Luiz Barbosa, que criou o samba de breque, eternizado por Moreira da Silva, além do saxofonista Dulcilando Pereira, que fez gravações com Chico Buarque e Gonzaguinha.
Para concluir, ele cita o maestro Charutinho que gravou no Rio com Ivan Lins e Chico Buarque, além do maestro Lucas Vieira, que trabalhou em casas de shows e viajou pela Europa, acompanhando o cantor Ivon Cure.