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22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia inspira projetos inovadores em Macaé

24/10/2025 17:33:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Rui Porto Filho

Plantas estratégicas para recuperação do solo e da água e estações meteorológicas de baixos custo são algumas das iniciativas.

Para encantar crianças e jovens e despertar curiosidades e talentos, a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT/2025), com mais de 50 exposições e quatro palestras, nesta sexta-feira (24), movimentou o Centro Municipal de Convenções Jornalista Roberto Marinho, no Bairro São José do Barreto, em Macaé. O segundo dia o evento foi aberto, às 9h20, com o tema ‘Fitorremediação e Fitomineração: biotecnologia aplicada à recuperação da água e do solo’.

 

Além de Fitorremediação e Fitomineração, houve apresentação do projeto Macaé Resiliente e as palestras ‘Inteligência Artificial para um Futuro Sustentável dos Oceanos’, ‘Robótica e Iniciação Científica na Educação Básica: ideias inovadoras para cuidar dos oceanos’ e ‘Tecnologia Azul: Como a Inovação Digital Pode Proteger os Oceanos e o Planeta’. O tema desta edição é ‘Planeta Água: Cultura Oceânica para Enfrentar as Mudanças Climáticas no Meu Território’. A SNCT/2025 é realizada pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, com apoio de instituições acadêmicas, empresariais e da sociedade civil. O secretário da pasta, Vinicius Pessanha, agradeceu a todos que participaram e ajudaram a construir a feira.

“Foram momentos de muito aprendizado, troca de experiências e principalmente de inspiração para nossos jovens e educadores. A ciência e a educação são pilares fundamentais para o futuro da nossa cidade que é reconhecida como a Capital Nacional do Petróleo, mas que também quer ser lembrada como a capital do conhecimento e da tecnologia”, frisa.

O secretário de Educação de Macaé, Matias Mendes, destacou a importância da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, da curiosidade científica e do compromisso com o planeta. Agradeceu aos servidores, professores, estudantes e parceiros que contribuíram para o evento.

“Encerramos a Semana de Ciência e Tecnologia com a certeza de que investir em conhecimento é investir no futuro. Cada experiência, projeto e pesquisa apresentados refletem o talento e o empenho de nossos estudantes e educadores, que compreenderam a importância da ciência para enfrentar os desafios ambientais e sociais do nosso tempo. Inspiramos nossos alunos a serem agentes de transformação em Macaé e em todo o mundo”, disse.

O Ph.D biofísico, especialista em fitorremediação e Doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Daniel Vinícius Neves de Lima, ministrou a palestra ‘Fitorremediação e Fitomineração: biotecnologia aplicada à recuperação da água e do solo’. Ele é um dos fundadores da startup Biocorp Soluções Ambientais, recém fundada em Macaé. A empresa desenvolve e implementa projetos que promovem a economia circular, a conservação dos recursos naturais e a regeneração ambiental. Na plateia estavam majoritariamente estudantes de diferentes níveis de ensino e professores. Ele abordou a utilização de plantas estrategicamente selecionadas para remover poluentes, tornando a água mais limpa e segura para a vida aquática e uso humano, a fitorremediação de corpos d’água.

“Macaé tem muitos reservatórios e muitas plantas, como as taboas. Nós estamos construindo um serviço de fitorremediação para instalação sobre Estações de Tratamento de Esgoto (ETC), que geralmente não têm tratamento para fósforo e nitrogênio. Esses são os componentes que mais impactam o ambiente, pois ajudam no crescimento de algas tóxicas na água. O serviço seria realizado em parceria com empresas de saneamento. Já temos uma instalação na Ilha do Fundão, um ambiente com mais de 50 mil pessoas. Além da água mais limpa, já temos até flores no local. Em um projeto junto ao Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Nupem/UFRJ Macaé), pretendemos instalar o serviço também em um pequeno braço da Lagoa de Imboassica. Sou professor, então gosto de falar sobre isso com jovens e crianças”, enfatiza Daniel.

O pesquisador também apresentou o processo de fitomineração ao público, que emite menos gás carbônico do que a mineração tradicional. Esta tecnologia foi utilizada com sucesso, por exemplo, no Rio Doce, após o desastre em Mariana-MG (2015). Entre os motivados com sua palestra estavam os jovens aprendizes do projeto Viva Lagos, Maria Alice Negrão (19) e Victor Hugo Ribeiro (16).

“Eu achei a ideia incrível. Eu adoro biotecnologia. O nosso país e o mundo inteiro estão precisando muito, porque a poluição está muito grande. Muito legal a engenharia com as plantas para tudo ser mais sustentável. Despertou o meu interesse”, disse Maria Alice.

“Há muitos lugares poluídos. Achei muito interessante o uso das taboas. Eu compraria esta ideia. Ele também despertou isso em mim”, corrobora Victor Hugo.

Já o professor Doutor da UFRJ/Macaé da área de computação e Coordenador do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar, Anselmo Pestana Ribeiro Costa, acompanhava o seu grupo de alunos em um dos estandes. O projeto Telemetria começou a ser desenvolvido há pouco mais de três anos por demanda de pequenos produtores rurais por estações meteorológicas. Atualmente há 31 escolas cadastradas no sistema. No município, são 42 estações, também em empresas, universidades e na Defesa Civil. O objetivo do projeto é mitigar desastres naturais por meio da parceria entre universidade e poder público.

“Desenvolvemos vários softwares, inclusive para gestão da Defesa Civil e um comunitário, que será inaugurado em 3 de dezembro, mas já está em uso. Temos vários outros projetos, como a Robótica em Saúde, na área de tecnologia assistiva, para auxiliar pessoas com algum tipo de deficiência. Pretendemos ampliar o número de escolas atendidas pelo projeto Telemetria, atendendo a uma demanda da Defesa Civil de Macaé. Em nossa metodologia, a sociedade traz o problema e os universitários constroem as ferramentas para solução. Temos mais de 40 universitários hoje no projeto. Também oferecemos capacitação para os técnicos e voluntários da Defesa Civil”, destaca.

O projeto de instalação de estações meteorológicas de baixo custo (Telemetria) é desenvolvido pela UFRJ/Macaé, o Instituto Federal Fluminense (IFF/Macaé) e a Faculdade Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS). Um dos integrantes do grupo do projeto, o estudante do 8º ano do curso de Engenharia Mecânica da UFRJ/Macaé, Gabriel de Oliveira Lopes (21), ressalta o custo reduzido do serviço, comparando-se com o de mercado.

“Nós desenvolvemos softwares e hardwares. Isso ajuda os graduandos a aprenderem. Nós também explicamos a utilidade e o funcionamento do equipamento para os alunos nas escolas, que também cuidam das estações. O projeto está crescendo. Ele me apresentou à eletrônica - como se ajusta o maquinário ao microcontrolador - e surgiu em mim o interesse em fazer outra faculdade na área de eletrônica”, revela Gabriel.

Um dos estandes que mais atraiu estudante foi o do provedor de Internet, Alternativa, que levou para a feira uma máquina de pegar pelúcia e um fliperama, com a proposta de conectar passado, presente e futuro. Vários outras projetos conquistaram a atenção dos visitantes. O estudante do 4º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Paulo Freire, bairro Lagomar, Artur Costa Gomes (9), enfatizou: “É a minha primeira vez na feira. Aqui tem muitas coisas legais e experiências. Já pensei em ser cientista para desenvolver tecnologia máxima para averiguar o mundo”. Já a estudante do Ciep 058 Oscar Cordeiro, no bairro Parque Aeroporto, Laura Vitória (12), elogiou: “Achei a feira deste ano melhor do que a dos anos anteriores. Gostei dos projetos dos estandes, especialmente o dos animais aquáticos”.