Academia Municipal de Judô: Disciplina e Inclusão Social

17/09/2014 11:23:00 - Jornalista: Renata Dourado

Foto: Bruno Campos

O professor Shiro Matsuda tem 73 anos e é 6º Dan em graduação

Antes de começar as sequências de exercícios de aquecimento e fortalecimento, rolamentos e golpes, os alunos precisam escutar muito bem o professor. Para ser um praticante de judô é necessário, antes de tudo, disciplina e paciência. Com o mestre Shiro Matsuda não tem corpo mole. Com 73 anos e 6º Dan de graduação, o próprio Matsuda é quem dá aula na Academia Municipal de Judô, na Praça da Barra. Ele transmite seus conhecimentos aos jovens de 9 a 15 anos através de conversas, atividades e avaliações cotidianas aplicadas à filosofia do esporte.

- Noventa por cento dos alunos que passam pela academia são bem sucedidos no que fazem independente da profissão. O mundo capitalista de hoje ensina a sermos egoístas. Mas precisamos um do outro para evoluir. Com sabedoria, paciência e força de vontade podemos conquistar nossos objetivos. O judô ensina usar a força para o bem. Quanto mais cedo se aprende esta filosofia, melhor -, ressalta Matsuda.

No final de cada aula, o momento de meditação, em que todos ficam por dois minutos em silêncio, quietos e de olhos fechados, prepara o corpo para o retorno para casa, mais calmo e controlado. “O momento em silêncio acalma. Não queremos que levem a agitação para casa ou que briguem na rua. Queremos formar cidadãos melhores para suas famílias, para a cidade e o país. O esporte realmente muda a pessoa.”, explica o mestre.

Ângela Soares, avó de Ian da Silva, de 8 anos, mora na Nova Holanda e se sente satisfeita com o comportamento do neto depois que ele começou a frequentar as aulas de judô. “Antes ele era muito agitado, brigão, dava trabalho em casa e na escola. Agora, está mais calmo, presta mais atenção nas coisas. Todos estes esportes que a prefeitura está colocando nos bairros estão ajudando bastante quem tem criança em casa.”, afirma a dona de casa.

As aulas são para crianças e adolescentes, a maioria em situação de vulnerabilidade social. Além de inserir os jovens no mundo do esporte, a aula de judô também é uma oportunidade para tirá-los do ócio num horário oposto às aulas, como o caso de Junior Porcino, de 14 anos, estudante da E.M. Wolfano Ferreira. “O judô me ajudou muito no colégio. Antes eu não conseguia prestar atenção nas aulas, ficava distraído. Hoje, minhas notas estão melhores e tenho mais paciência. Estou mais disposto e mais forte também.”, diz o garoto orgulhoso.

Meninos e meninas podem frequentar as aulas gratuitas que acontecem as terças e quintas-feiras, em dois horários: das 9h às 10h30 e 15h às 16h30. Para fazer a inscrição no judô, o responsável pelo aluno deve ir à administração de bairros da Barra ou na Academia Municipal de Judô, localizada na Praça dos Navegantes, também na Barra de Macaé.

Shiro Matsuda

Nascido em 30 de Setembro de 1941, em Nagoya, Sul de Osaka e Kobe, no Japão, o professor Kodansha Shiro Matsuda é referência do judô no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Antes de sair de sua terra natal, em 1960, Matsuda estudou sobre diversos esportes, entre eles o judô, nas academias de polícia Kamata e Komazawa, em Tokyo. No Brasil, em 1964, o contato com o Judô foi restabelecido na Academia Hinata, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Filiou-se à Federação Fluminense de Judô em 1967 e, em 1969, implantou o judô no Automóvel Clube Fluminense, em Campos dos Goytacazes, tornando-se a primeira academia do Norte Fluminense. Posteriormente, chegou a Macaé e se instalou na cidade desde o início da década de 70. Matsuda faz parte da Comissão Estadual de Graus e já atuou por diversas vezes como técnico das equipes que participam dos campeonatos brasileiros.


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