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Agentes comunitários da Saúde comemoram o Dia da Categoria

20/10/2011 18:26:37 - Jornalista: Cesar Domerry

Foto: Ana Chaffin

As mais antigas agentes comunitárias de saúde contaram experiêcias do exercício profissional

Com a presença de mais de 100 agentes comunitários de saúde, a Coordenadoria da Estratégia da Saúde da Família promoveu um encontro da categoria no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho, na tarde desta quinta-feira (20). Ao som de MPB e música sertaneja, a dupla Márcio e Rondi Garcia animou a festa. O coordenador Welbert de Rezende fez um breve discurso, em que enalteceu o trabalho desses profissionais.

- Temos um carinho muito grande pelos agentes comunitários de saúde, que são a marca registrada do PSF, uma grande engrenagem onde todos são importantes. Meu trabalho é viabilizar o trabalho de vocês, que são o elo entre a comunidade e o posto de saúde. São os guerreiros que levam a prevenção e a promoção da saúde. Essas pessoas não estudaram medicina, mas já salvaram muitas vidas. Trabalho com vocês há dois anos, e agradeço pela acolhida. Parabenizo vocês pela dedicação, noite e dia, à população de Macaé na cidade e na serra. Em 2010, foram realizadas, aproximadamente, 40 mil visitas familiares, 24.822 atendimentos e, de 1998 até hoje, vocês cadastraram 84.423 pessoas, declarou.

Welberth falou de projetos em fase de estudos e de execução. “Um dos projetos futuros é a expansão do PSF para bairros que ainda não contam com o atendimento, como Horto, Piracema, e assentamentos como o Celso Daniel. Outro projeto é o dos mutirões em algumas comunidades. Fazemos o “Dia D da Saúde”, que já está programado para Crubixais e Moreti, e ainda temos o “PSF na Praça”, em que damos informações spbre os serviços oferecidos pela Rede Municipal de Saúde.

As mais antigas agentes comunitárias contaram histórias comoventes e cômicas, no trabalho que fazem, desde 1998. Do grupo entrevistado, só Rosângela Amorim começou em 1999.

Delba Possidônio atua no PSF Fronteira A. “Nosso trabalho cria vínculo da comunidade com as equipes de saúde. Estava fazendo um mutirão de combate à dengue. Em companhia da enfermeira Cláudia Becker, fomos à casa de uma família de americanos. Por não saber inglês, passei a bola para Cláudia, que me disse que “arranhava” o idioma. O dono da casa foi muito gentil, e compreendeu o nosso esforço de comunicação, elogiou o trabalho da prefeitura e mostrou que na casa dele estava tudo certo”, contou.

Ruth Nogueira, que atua no PSF do Sana, sexto distrito de Macaé.algumas vezes teve de andar durante duas horas para cumprir sua missão. “Certa vez, cheguei à casa de um casal com sete filhos, depois de andar duas horas no meio da mata. As crianças nunca tinham visto estranhos. Correram com medo de mim, enquanto o pai gritava: “Fora daqui, não quero saber de política”. Levei dois anos para conquistar aquele homem. Hoje, sou amiga da família. Consegui mostrar que o interesse da prefeitura era pela saúde dele e da família”, narrou.

Zuleide Andrade atua nas Malvinas A. Nada sabia da profissão. Fez o treinamento com Miriam Benjamim, como todas as de 1998. “A primeira família que cadastrei era de Sergipe. O marido abandonou a mulher, gestante, e com um menino de sete anos.
Fiz logo um trabalho social e consegui, no comércio local, alimentos para ela e o filho, além do bebê, até um ano e meio depois do seu nascimento, um garoto de 4,5 Kg, com muita saúde”, relatou.

Derli Lourenço atua no Trapíche. “Já andei até a cavalo e peguei carona de moto para chagar ao destino, além de seguir a pé. A maior dificuldade era quando chovia. Foram várias quedas da garupa da moto, mas as famílias nunca deixaram de ser alcançadas. Já cheguei a abrir 17 tronqueiras para chegar ao destino. Este é o espírito da Coordenadoria, não deixar de atender as famílias, em hipótese alguma”, afirmou.

Rosângela Amorim começou seu trabalho de agente comunitária de saúde em 1999. “Certa vez, recebi a missão de dar recasfo a um garoto, que tinha consulta marcada com o otorrino. Caminho de duas horas e meia. Peguei um atalho. Tive que atravessar um rio raso; foi fácil, porque eu só vestia calças compridas. Mas. quando cheguei na outra margem, um boi me olhou com cara de poucos amigos. Voltei correndo, e o bicho atrás de mim. Caí no rio, molhei toda a roupa, e, felizmente, o bicho não entrou na água. Uma senhora me emprestou uma saia, peça que eu não gostava de usar. Dei a volta, andei muito, e cheguei à casa da família. O boi, na verdade, era uma vaca com cria recente, e que havia morrido. O animal estava desesperado, porque o filhote não se levantava”, concluiu.