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Antibióticos: risco da automedicação é debatido em Macaé

08/04/2011 14:41:39 - Jornalista: Monica Torres

Foto: Ana Chaffin

O Dia Mundial da Saúde contou com ações por toda quinta-feira (7)

O Dia Mundial da Saúde contou com ações por toda quinta-feira (7), mas as mobilizações com relação ao tema escolhido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) continuam em Macaé. Este ano, o lema do Dia Mundial trata do combate à resistência antimicrobiana e sua disseminação no mundo: “Se não atuarmos hoje, não haverá cura amanhã”, enfatiza a OMS. O objetivo é intensificar o compromisso de agentes públicos e sociedade civil em torno da qualificação do uso dos medicamentos antibióticos e antimicrobianos.

Assim, os programas Saúde da Família, Homeopatia e Práticas Integrativas, Educação em Saúde, DST/Aids, além da Coordenação de Enfermagem e a Subsecretaria de Odontologia, entre outros, vinculados à Secretaria de Saúde, continuam promovendo discussões, divulgando o tema, distribuindo folhetos junto à população em geral e aos profissionais de saúde.

Para o coordenador do Programa Saúde da Família (PSF), Welberth Porto de Rezende, o alerta para o perigo do uso indiscriminado de antibióticos e, em contrapartida, a divulgação do uso racional dos medicamentos são ações fundamentais.

- A resistência aos antibióticos ameaça vários tratamentos, como o controle do HIV, da malária e da tuberculose - três das principais causas de mortalidade por doenças infecciosas no mundo. Corremos o risco de voltar à era anterior ao domínio dos micróbios devido a um uso irresponsável e indiscriminado destes remédios.

Reiterando o que informa Welberth, a coordenadora de Enfermagem, Elizabeth Ferolla, acrescenta:

- É necessária a ação urgente de toda a sociedade. Estamos em uma luta pela sobrevivência e os micróbios começam a desenvolver mecanismos cada vez mais complexos de resistência. Algumas bactérias se tornaram extremamente inteligentes; resistem aos antibióticos e causam prejuízos muito grandes, acrescenta.

O uso indiscriminado dos antibióticos é apontado como a causa principal para o surgimento das superbactérias. Com o uso intenso e freqüente desse tipo de remédio, as bactérias criaram mecanismos para contornar a ação do medicamento, e este se torna ineficaz. Por esse motivo, somente no ano passado foram registrados 440 mil casos de tuberculose multirresistente e 150 mil mortes foram registradas em todo o mundo, segundo dados da OMS.

Criado pela Organização Mundial de Saúde - OMS em 1948, o Dia Mundial da Saúde tem o objetivo de criar um espaço público para discutir com a população e também com os profissionais de saúde sobre a necessidade de se adotar hábitos de vida saudáveis.

O que são os antimicrobianos?

Os antimicrobianos são medicamentos utilizados no tratamento das infecções causadas por bactérias, fungos, parasitas ou vírus. O descobrimento dos antimicrobianos foi um dos principais avanços da saúde na história da humanidade, aliviando o sofrimento e salvando bilhões de vidas ao longo dos últimos 70 anos. Entre os antimicrobianos se encontram os antibióticos, alguns agentes quimioterápicos, os antifúngicos, os antiparasitários e os antivirais.

O que é a resistência aos antimicrobianos?

A resistência aos antimicrobianos (ou farmacorresistência) ocorre quando os microrganismos sejam bactérias, vírus, fungos ou parasitas, sofrem mudanças fazendo com que os medicamentos utilizados para curar as infecções deixem de ser eficazes. Os microrganismos resistentes à maioria dos antimicrobianos são conhecidos como multi-resistentes. A multi-resistência é muito preocupante porque as infecções por microrganismos resistentes podem causar morte, são transmitidas entre pessoas e geram grandes custos tanto para os pacientes quanto para a sociedade. A resistência aos antimicrobianos é propiciada pelo uso inadequado dos medicamentos, por exemplo, quando se utilizam doses insuficientes ou não se finaliza o tratamento prescrito. Os medicamentos de má qualidade, as prescrições errôneas e as deficiências na prevenção e controle das infecções associadas à atenção à saúde são outros fatores que também propiciam o aparecimento e a disseminação da resistência aos antimicrobianos. A falta de empenho dos governos na luta contra este problema, as deficiências na vigilância e a redução do arsenal de métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos também dificultam o controle da resistência aos antimicrobianos.