Brilho da arte, da música e da dança da periferia aconteceu na última apresentação do ano do Programa Art Luz, da prefeitura, que também comemorou seus dez anos de vida, na noite desta quarta-feira (10), no Teatro Municipal de Macaé, que teve seus 450 lugares ocupados e muita gente assistindo em pé. Bailarinos dos núcleos Fronteira, Malvinas, Morro de Sant’Anna e Morro de São Jorge, além da Cia Art Luz de Dança e Teatro, deram um verdadeiro show, sob muitos aplausos.
Foram 25 coreografias. Nas danças do núcleo Fronteira, a atriz e bailarina Rafaela da Conceição Ribeiro interpretou a deusa grega Gaia. Sua personagem conduzia as apresentações, cujo figurino dos artistas eram feitos de material reciclável. “Na condição de mãe terra, venho conclamar a humanidade a valorizar a energia da vida, sentindo o perfume das flores e tendo visão de valores construtivos de um mundo democrático e humano”, dizia ela, vestida de branco entre as coreografias de jazz, hip hop e balé, mostradas pelos alunos do Art Luz da Fronteira.
Com colagem musical, muita criatividade dos organizadores artísticos e muitos aplausos a deusa Gaia ainda ressaltava: “Que todos se deixem nutrir pela natureza, formando comunidades sustentáveis, pois a terra é o nosso lar. A arte e o saber viver são os segredos da vida”. Palavras de sabedoria e revelações foram devidamente entremeadas por atividades musicais e de dança.
Os organizadores e professores do núcleo Fronteira – Katiane Lopes, Sandro Fernandes, Bella Gomes, Robson Escabeche e Alencar Ramos – tiveram nas palavras da coreógrafa Cristine Ximenes a seguinte mensagem: “O núcleo Fronteira levou na noite de hoje a idéia de conscientização para o cuidado com o meio ambiente. Todos nós amamos a arte. Todos nós amamos o Art Luz”.
Alunos pela primeira vez no palco
O Programa de inclusão social também promove, além de diversas aulas como grafite, canto, pintura em tela, caratê e teatro, um friozinho na barriga. É que Rafael Brahian Noberto (15) e Marciele Soares da Silva (8) subiram ao palco para apresentar-se diante centenas de pessoas, inclusive suas mães e seus amigos, pela primeira vez.
Ele está há um ano no Art Luz, faz balé na Fronteira. Disse que é uma grande besteira a associação de um homem que faz balé com qualquer coisa que não seja a arte. “Não é dançar balé que vai dar prova em contrário à masculinidade”, comenta, lembrando que dançou a peça “Súplica das Águas”, da coreógrafa Katiane Lopes.
Rafael disse que o apoio de seus familiares e amigos, que estavam entre o público, eram suficientes para ele. Ainda deu um recado aos adolescentes de sua faixa etária: “É muito importante se encontrar com uma vocação artística, pois isso proporciona alegria uma vez que a pessoa atua culturalmente onde realmente gosta”.
Já Marciele, que é moradora do bairro Nova Esperança, disse que quando dança se realiza porque mostra felicidade e bem estar às pessoas, além de seu amor pela dança. Também conta com o apoio materno, lembrando-se que sua mãe diz a ela que ela é uma boa bailarina e sente orgulho disso. “Através do ato de dançar mostro um pouco de mim, pois consigo me expressar bem dessa forma”, conclui.