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Atendimento às vítimas de violência aumenta no Nuam

24/08/2005 16:03:49 - Jornalista: Genimarta Oliveira

As ações implementadas pela Coordenadoria da Mulher de Macaé para combater a violência doméstica estão começando a dar resultados.A equipe do Núcleo de Atendimento a Mulher (Nuam) atende em média 50 novos casos por mês. Na maioria das vezes, são as próprias vítimas que procuram ajuda. “Nossas ações vão além do apoio à vítima. Cuidamos da família como um todo”, explicou coordenadora Vânia Deveza.

De acordo com a diretora técnica da Coordenadoria, Mirian Benjamin de janeiro a julho deste ano foram realizados 1.491 atendimentos, dos quais 349 resultaram em abertura de processo. “O processo só é aberto quando a mulher deseja. Muitas acabam vindo aqui para buscar orientações com o setor jurídico ou até mesmo psicológico”, afirmou.

Há cerca de três meses, foi criado o Grupo Operativo, onde as mulheres vítimas de violência participam de uma espécie de terapia de grupo para a troca de experiências. O Grupo é conduzido por duas psicólogas e uma assistente social e acontece uma vez por semana.

A Coordenadoria dos Direitos da Mulher criou também o Grupo Operativo para crianças e adolescentes. “É importante que as crianças e adolescentes de lares com violência compreendam o comportamento deste pai, que muitas vezes vem repetindo os gestos dos seus antepassados e que precisa de tratamento”, explicou Míriam.

A coordenadora Vânia Deveza ressaltou que o aumento na procura pelos serviços do Nuam se deve à conscientização das mulheres pelos seus direitos. A recepcionista AVDG, 40 anos, a manicure NMFM, 49 e a esteticista PRSL de 29, são exemplos de perseverança e de que vale a pena lutar contra a violência.

Durante anos, as três sofreram agressões físicas e psicológicas dos seus companheiros e há dois meses começaram a freqüentar o Grupo Operativo e dizem que são novas mulheres. “Há dois meses fui colocada para fora de casa com minha filha pelo meu marido, que sofre de alcoolismo. Desde que descobri o Nuam me tornei uma mulher confiante e vou conseguir vencer todos os obstáculos”, disse AVDG.

NMFM revelou que durante 21 anos sofreu agressões físicas e psicológicas, mas resolveu levantar a cabeça e dar a volta por cima. “A cada dia que chego aqui supero o tormento de ainda conviver na mesma casa que o meu marido. Antes não via esperança, achava que não tinha jeito, mas aqui é o meu porto seguro e consigo o meu equilibro”, conta.

“Durante 10 anos eu vivi na escuridão, nem sabia que mulher tinha direito a nada e há dois meses resgatei minha auto-estima, estou fazendo cursos para retornar ao mercado de trabalho”, disse a esteticista.

As psicólogas Gisela Mattos e Madalena Guerra e a assistente social Luzia Santana falaram que esta troca de vivências de todas as formas de violência é importante para que percebam que a dor não é só dela. “A nossa maior missão é fazer com que estas mulheres resgatem sua identidade”, finalizam.