Foto: Jefferson Rezende
Estreia mostra performance marcante do ator Alan Rocha na Paixão de Cristo
Alan Rocha, o ator responsável por interpretar Jesus na Paixão de Cristo, foi um dos destaques da estreia da encenação nesta quinta-feira (28) na orla da Praia de Imbetiba.
O ator revelou detalhes sobre sua preparação para o papel. Ele compartilhou que o primeiro passo foi olhar para trás e revisitar seus momentos de religiosidade, desde sua infância no catecismo até as experiências vividas em família durante a Páscoa.
Além disso, o ator dedicou-se à leitura e ao estudo do texto. Ele destacou a brilhante preparação do elenco e a orientação do diretor, que contribuíram para a construção de suas performances.
"O primeiro processo do meu trabalho interpretando esse grande ser, grande homem, grande pai, grande filho que é Jesus foi olhar para trás e rever os meus momentos com a minha religiosidade desde a época que fiz catecismo e um pouco do que vivi em família assistindo a filmes, vivenciando a Páscoa, os encontros que ficam na imaginação desde a época do meu avô quando a gente se encontrava na Páscoa", informou Alan.
- Ao olhar para trás, rever experiências significativas da minha religiosidade, estudar e me conectar com a natureza, busquei trazer as características e a essência desse importante personagem para o palco, transmitindo a grandeza e a luz que Jesus representa - disse.
"Quando eu estava com o texto um pouco mais firme, eu quis ir no mar e trazer um pouco desse lugar que tem na minha imaginação, um pouco desse lugar aberto que seria nossa apresentação e também alguns lugares que Jesus caminhou. Então estar na praia passando o texto, fazendo gestos me ajudou bastante", expressou Alan.
Cláudia lembrou que Maria é um personagem que recebe a missão de criar o filho para que ele seja sacrificado depois, para que ele seja a salvação do mundo.
"Em primeiro no meu lugar de mulher e mãe. Tenho uma visão muito particular em relação à realidade do feminino materno. Culturalmente somos colocadas em um lugar de tudo suportar e esse lugar cultural é cruel porque ele romantiza a condição de ser mãe e essa romantização nos causa dores profundas e é o lugar onde a Maria está enquadrada neste espetáculo”, analisou.
Um dos momentos mais emocionantes da interpretação de Cláudia Byspo é o rompimento da mansidão de Maria ao ver seu filho morto.
“A pedido da direção, trabalhei uma interpretação muito requintada no lugar que fala e que coloca em cheque o absurdo do corpo violentado, do corpo torturado, é a mãe diante de um assassinato”, citou.
Segundo ela, Maria se apresenta com mistos de fragilidade a partir da dor maternal, mas com a força da mulher questionadora e da apresentação de uma sororidade com outras mães que perdem seus filhos cotidianamente.
“Neste momento é interpretação da divulgação da ira, do questionamento, de um lugar onde a Maria não está acostumada a ser vista”, constatou.
“Que profundidade essa dor está guardada, enclausurada e silenciada? Rompemos bastante o lugar da mansidão da Maria para tornar ela discursante”, definiu.