A Fundação Educacional de Macaé (Funemac) promove neste sábado conferência de abertura do curso de pós-graduação em Estudos Culturais e Históricos da Diáspora e Civilização Africana. A conferência será ministrada pelo professor Kabenguele Munanga da Universidade de São Paulo. Ele falará sobre Antropologia e História da Diáspora Africana. A aula acontece no salão de convenções do Hotel Crystal, às 9h.
Segundo o coordenador geral da pós, antropólogo e professor Julio César de Souza Tavares, da Universidade Federal Fluminense, o objetivo do curso é fornecer informações e instrumentos teóricos e conceituais sobre a Diáspora Africana – a dispersão pelo mundo desse povo, por motivos políticos ou religiosos.
- Além disso, queremos analisar o processo civilizatório africano para habilitar o profissional de ensino Fundamental e Médio, na percepção e discussão crítica das questões relacionadas à identidade, diversidade, relações raciais e multiculturalismo na sociedade brasileira – explicou Tavares.
Júlio César de Tavares disse ainda que são cinco mil anos de civilização, mas ainda falta maturidade ao ser humano para reconhecer a importância do outro. Somos egocentrados com a cultura civilizatória - destaca Tavares, acrescentando que o curso tem um papel importante que é abrir os olhos do brasileiro para a força de uma civilização na edificação da sua própria cultura, onde a maioria é de origem africana.
- O Brasil tem a maior população africana do mundo fora da África. São 90 milhões de habitantes – lembra o coordenador. Para ele, só esse fato já é o suficiente para fazer renascer nos brasileiros um sentimento de auto-estima e de busca de um passado histórico que foi fundamental para a Europa. “Não podemos virar as costas para um conhecimento como esse”, ressalta.
Tavares conta que o conhecimento africano foi fundamental para a montagem da economia brasileira na pecuária (onde os negros tinham tecnologia superior a dos europeus), na mineração e na metalurgia. O antropólogo espera, através do curso, incutir nos professores e alunos, uma nova mentalidade sobre a força e a potência da civilização africana.
- Nós crescemos envolvidos por estereótipos, preconceitos e acabamos reproduzindo esses estigmas – diz, relatando que os negros foram escravizados não só porque tinham músculos fortes, como apontam alguns livros didáticos. Mas porque detinham uma tecnologia que podia acelerar a colonização de algumas áreas, mantidas por portugueses e espanhóis. É preciso que os professores reconheçam e valorizem a cultura africana que colonizou significativa parte do mundo – explica.