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Café literário discute o universo de Monteiro Lobato

05/10/2006 18:30:57 - Jornalista: Simone Noronha

Falecido há 58 anos, Monteiro Lobato ainda é capaz de arrebatar corações apaixonados pelas suas histórias. Um deles foi o da escritora Luciana Sandroni, que tem no autor a sua principal fonte de inspiração. Autora de vários livros infantis e vencedora de prêmios importantes, como o Jabuti, Luciana participou nesta quinta-feira (05) do Café Literário, na Bienal do Livro de Macaé.

“A literatura infantil brasileira se divide em duas eras – antes de Lobato e depois dele. Desde seu primeiro livro, “A menina do nariz arrebitado”, a literatura para crianças passou a ser escrita com L maiúsculo”, diz Luciana, que falou para um público formado em sua maioria por professores. Para a escritora, o fator mais importante nos livros de Lobato foi o fato dele ter mudado a forma de se contar histórias para crianças.

- Antes, os livros eram didáticos, sempre preocupados em passar valores. Eram quase livros escolares. Lobato criou uma linguagem totalmente nova para a época, objetiva e coloquial. Só para se ter uma idéia de como sua obra cativou o público, seu primeiro livro, de 1921, vendeu 50 mil exemplares, um número excepcional até para os dias de hoje. Através de suas histórias e de seus personagens do Sítio, principalmente a boneca Emília, ele mostrou que acreditava nas crianças, e quis desenvolver nelas o senso crítico, diz Luciana.

Roteirista das duas primeiras fases do programada Sítio do Picapau Amarelo para a Rede Globo, em 2001 e 2002, ela se diz contente por Monteiro Lobato estar sendo redescoberto pelas crianças de hoje. “A tevê ajudou a popularizar ainda mais os livros do Sítio para esta geração. Mas para que a criança se interesse pela leitura, somente isso não é necessário. É preciso a ação conjunta de pais e professores”, lembra.

Luciana é autora do livro “Minhas Memórias de Lobato”, narrado por ninguém menos que a própria Emília. “Tive a idéia de escrever este livro porque meus alunos tinham curiosidade de saber mais sobre a vida do “dono” do Sítio. E para fazer uma biografia voltada para o público infantil, ninguém melhor que os próprios personagens de Lobato”, conta a escritora.

A paixão de Luciana pela obra de Monteiro Lobato é tanta que a personagem principal de seus livros, uma menina de oito anos chamada Ludmila, a Ludi, foi inspirada na boneca Emília. Ludi já teve três aventuras publicadas, todas voltadas para crianças entre oito e dez anos.

A programação do Café Literário, na primeira Bienal do Livro de Macaé, continua até domingo. Confira a programação:

Dia 06/10 (sexta-feira)

11h - “Os desertos de Roseana Murray e Roger Mello” – Roseana Murray e Roger Mello
15h – “Macaé Literária: prosa e memória de Macaé” – Conceição Franco, Ricardo Meireles e Adriana Bacellar
19h30 – Literatura que dá samba” – André Diniz e Ricardo Cravo Albin

Dia 07/10 (sábado)

11h –“Macaé Literária: poesia de Macaé” – Bernadete Braga, Sandra Wyatt e Raquel Naveira
15h – “Vivendo a escola com alegria: fala sério professor!” – Thalita
Rebouças
19h30 – “A pedagogia do olhar” – Joel Ruffino dos Santos

Dia 08/10 (domingo)

11h – “Meditação: a arma do século XXI” – Pedro Tornaghi
15h – “Vidas no divã: literatura e psicanálise” – Alberto Goldin
19h30 – “Rir é melhor que remédio: a arte do humor” – Nani e Luis Pimentel