A homenagem aos poetas mortos, realizada no Café Literário do Solar dos Mellos na noite de quarta-feira (28) teve grande participação da comunidade macaense. Entre eles, os familiares de um dos homenageados - Ruben Carneiro de Almeida Pereira - que, se vivo fosse completaria cem anos no mês de dezembro. O Café contou também com cerca de 20 alunos do Ciep Municipalizado Maringá, que cursam o Educação para Jovens e Adultos (EJA), além do grupo Coro de Cigarras, presença fiel ao evento.
O Café Literário de novembro foi aberto pelo secretário municipal executivo de Acervo e Patrimônio Histórico, Ricardo Meirelles, que destacou a importância do principal homenageado da noite. Professor, secretário e bibliotecário-chefe da Biblioteca Municipal Dr. Télio Barreto, Ruben de Almeida Pereira era membro correspondente da Academia Campista de Letras e da antiga Academia Macaense de Letras, onde ocupou a cadeira número três. Jornalista, poeta, trovador, crítico literário e historiador, teve vários trabalhos publicados na imprensa fluminense sobre a história de Macaé.
- Ruben de Almeida foi um orador brilhante e desenvolveu trabalhos baseados em pesquisas pioneiras sobre folclore. Ele deixou inédito um livro para a posteridade, contendo vários sonetos e poesias. Entre elas, destacam-se "Quissamã" e "Macaé", que foi belamente musicada por Jorge Benzê - relatou Meirelles, que assegurou para o próximo ano o lançamento do livro por meio da Semaph.
O encontro de poetas deste mês foi além do prometido na programação, lembrando outras datas comemoradas em novembro, como o Dia da Bandeira (19), o Dia da Consciência Negra (20) e o Dia da Música (22), através da leitura de poesias relacionadas a esses temas. Várias pessoas aproveitaram este espaço aberto para declamar poemas de seus autores preferidos e composições próprias.
Participando pela segunda vez do evento, a professora de Língua Portuguesa e de Literatura do EJA (Ciep Maringá), Fernanda Tavares, realiza um bem-sucedido trabalho de resgate da auto-estima com os alunos, com estímulo ao gosto pela leitura. "Quando soube do Café Literário trouxe os alunos para que eles tivessem um contato mais direto com a poesia. Alguns deles já estão inclusive escrevendo seus próprios poemas", conta emocionada a professora. Exemplo disso é o jovem Élcio Junior, que leu uma das poesias de sua autoria, "Menino de Rua", tirando muitos aplausos da platéia.
Outro destaque da noite foi o neto e xará de Ruben Almeida Pereira, o Rubinho, que compôs um poema especialmente para abrilhantar o tema principal deste Café Literário, descrito em seguida para o deleite dos leitores:
"Eu não homenageio poetas mortos
Poetas não morrem
Há de se ter muito cuidado com as palavras.
Poetas são imortais
E nem precisam de farda de instituição
Seus versos são vida.
São organismos, pensamentos, sonhos...
Versos / pensamentos não morrem
Morre o inverídico que atém ao nada
Morre o explorador, o enforcador...
Agora, poetas? Poetas não morrem...
Versos não morrem...
Quem morre são os insensíveis
Os que de nada sabem. Os que não reavivam riqueza, pelo contrário.
Esses só matam, morrem, e no fim,
O que esses fazem não se pode sequer chamar
De poesia / vida
Poetas não morrem.”
Rubinho (28/11/07)