logo

Campanha de Doação de Medula Óssea prossegue neste sábado

03/12/2010 16:18:41 - Jornalista: Simone Noronha

Foto: Kaná Manhães

Se você tem entre 18 e 55 anos e boa saúde, sua doação pode ajudar a salvar uma vida

Com a meta de conseguir pelo menos 1800 voluntários, prossegue neste sábado a segunda Campanha de Doação de Medula Óssea de Macaé. A campanha, que conta com o apoio da prefeitura, está sendo realizada no Núcleo de Atendimento da Mulher e da Criança (Nuamc), na Aroeira, que fica na Rua Francisco Alves Machado, 235, próximo ao Colégio Estadual Télio Barreto.

Técnicos do Hemocentro do Rio estão fazendo a coleta de amostras para o cadastro nacional do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Nesta sexta-feira (3), primeiro dia da Campanha, o movimento foi grande no Nuamc, mas para este sábado a expectativa é bem maior.

- Toda doação é importante e pode ajudar a salvar uma vida. O processo do cadastro é muito rápido: basta preencher uma ficha com os dados pessoais, e em seguida fazer a coleta da amostra de sangue, apenas 10 ml. Para participar, basta ter entre 18 e 55 anos e ter boa saúde, explica a coordenadora de Serviços de Saúde, da Secretaria de Saúde de Macaé, a médica Márcia Amaral.

A campanha está atraindo muitos voluntários, como o técnico em logística Gernandes Mota. Há dez anos, ele doou a medula para seu irmão, Fábio Thomaz, que teve leucemia, e fez questão de participar da ação, dando seu depoimento e ajudando a mobilizar a comunidade.

- Na minha família, tivemos sorte, pois a chance de um irmão ser doador compatível é de apenas 25%. Campanhas como esta ajudam a identificar doadores entre as pessoas que não são parentes. Quanto maior o número de pessoas cadastradas, maior a chance de quem está na espera por uma doação, comentou.

A família do macaense Rodrigo Abreu de Figueiredo, 26 anos, vive a angústia de ainda não ter encontrado um doador compatível. Rodrigo há mais de um ano luta contra uma leucemia mielóide crônica (LMC), e agora desenvolveu resistência ao tratamento. Sua mãe, Rosânia Abreu, vê na possível doação de medula óssea a única salvação de vida para seu filho:

- Encontrar um doador é como achar uma agulha do palheiro, um prêmio na loteria, mas temos esperança. Quanto mais pessoas doarem sangue, aumenta a chance do meu filho viver, como tantos outros que esperam por um doador compatível, acredita.
No país, são 61 centros de medula óssea. A média do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de duas doações concretizadas por mês de não parentes. Isso significa que a chance de achar um doador compatível é real.

Como funciona a doação de medula óssea no Brasil

É preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e boa saúde; se cadastrar como doador voluntário em um Hemocentro. No cadastramento, os voluntários doam apenas 10 ml de sangue. Essa amostra passa por um exame de laboratório, chamado teste de HLA, que determina as características genéticas do possível doador. Logo a seguir as informações são colocadas em um cadastro nacional, o Redome - Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea.

Quando alguém precisa de transplante, os técnicos do REDOME fazem à pesquisa de compatibilidade por entre os registros de todos os doadores cadastrados; e se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer outros exames de compatibilidade genética. Se o perfil coincidir com o do paciente que precisa do transplante, o voluntário decide se realmente quer doar.

É importante ressaltar que durante a doação, o doador recebe anestesia geral. Com uma agulha, a medula é aspirada do osso da bacia, e a quantidade de medula doada é de apenas 10% da medula total, que num prazo de 15 dias já estará recomposta.

Números de doações no Brasil

O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no Redome. Agora há 1,6 milhão de doadores inscritos e o percentual subiu para 70%. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores).

A evolução no número de doadores deveu-se aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o INCA. Essas campanhas mobilizaram hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral. Desde a criação do REDOME, em 2000, o SUS já investiu R$ 673 milhões na identificação de doadores para transplante de medula óssea. Os gastos cresceram 4.308,51% de 2001 a 2009.