Cerca de 700 pessoas assistiram às apresentações do Projeto Art Luz, realizadas na quadra da Praça Principal do Parque Aeroporto, no início da noite da última sexta-feira , dia 30. Num mini-palanque montado pela prefeitura e com 30 telas dos alunos de pintura distribuídas pelo espaço, violonistas deram início à segunda Mostra Interna do Art Luz. Em seguida, alunos de jazz e balé clássico mostraram o que aprenderam durante o ano de 2007.
Alunos de percussão precederam capoeiristas, que além da dança também fizeram a tradicional puxada de rede: um teatro onde há inclusive a presença de sereia do mar. Evento foi promoção da secretaria Municipal Especial de Cultura, Esporte e Turismo.
O Parque Aeroporto, um dos bairros mais populosos da cidade, teve o Art Luz inicialmente há cinco anos, apenas com capoeira e dança. Atualmente, o projeto ocupa espaço de dois pólos, com cerca de 400 alunos, em aulas ministradas por 11 professores. Jazz, balé, violão, ginástica, dança de rua, capoeira e outros, incluindo pintura em tela, são algumas das atividades promovidas pela prefeitura na localidade. Em meia década, o crescimento foi significativo. A idade dos alunos é a partir dos oito anos. Até adultos participam das aulas gratuitas de ginástica.
O objetivo do evento, segundo a coordenadora executiva do Projeto Art Luz, Lúcia Pacheco, foi mostrar àquela comunidade como uma grande população pode ser incluída socialmente, através de meios culturais, esportivos e artísticos, num envolvimento que reflete boa formação pessoal e profissional. “Houve grande aceitação da proposta do projeto no Parque Aeroporto. Passamos à comunidade, através desse evento, o trabalho que realizamos em 2007, havendo uma relação de troca entre participantes do Art Luz e a administração do projeto”, conta Lúcia. Ela acrescenta que é muito importante para a população do bairro ter livre acesso ao trabalho que, na realidade, é desenvolvido para ela própria.
Quem quiser participar do projeto no próximo ano deve telefonar para 2759-0889 (ramal 239). Em janeiro, haverá formação de novas turmas no Parque Aeroporto, nos mais variados cursos. Esses são gratuitos e têm como meta democratizar a cultura em Macaé. As próximas Mostras Internas são no Morro de Sant’Ana, no sábado (08), na Fronteira, na sexta-feira (14), e no Teatro Municipal, com o lançamento do projeto Cidade Art Luz (22), que cai num sábado.
O Projeto Art Luz está funcionando nos núcleos Morro de Santana, Aroeira, Malvinas, Fronteira, Morro de São Jorge, Parque Aeroporto e também no distrito do Sana. São 1,5 mil crianças, adolescentes e mulheres inseridos no mundo artístico e esportivo no município, de forma gratuita. “Há qualidade nos trabalhos efetuados pelos professores”, frisa Lúcia. Devido ao fato de existir grande quantidade de participantes, em muitas aulas e várias turmas, formando diversos grupos artísticos, as apresentações de fim de ano e Mostras Internas são realizadas nos pólos e não no Teatro Municipal, cujo espaço de 500 lugares não satisfaz à demanda de pessoas que vão assistir às apresentações.
Opinião dos Professores do Art Luz (Parque Aeroporto)
Para o professor de dança de rua Filipe Ulpiano Itagiba, suas aulas para crianças e pré-adolescentes com idades entre dez e 15 anos - mais de 20 alunos - não se referem à dança aleatoriamente, porém ele trabalha com a história da arte da dança de rua. “Busco também levar aos alunos conhecimento e visão critica sobre o movimento Hip Hop. Nosso embalo acontece especialmente ao som de Afrika Bambata, por exemplo”, demonstra Filipe.
Já a professora de pintura Josilene Nascimento, que leciona a arte de pintar para mais de 30 pessoas, disse que é um prazer mostrar aos seus alunos tudo o que sabe. Ela lembra que quadros de alunos especiais fazem parte do acervo. “A Onça”, de Anderson Hitomi, de 19 anos, e “Paz e Amor”, de Kevin Carvalho, de sete anos, são algumas das obras expostas na Praça Principal do Aeroporto.
- Meu objetivo é terapêutico. Ajudo o aluno a descobrir novos horizontes, por meio da pintura. Isso acontece tanto em nível psicológico, como no trabalho com a auto-estima, quanto na esfera profissional, uma vez que alguns vendem seus quadros – explica Josilene. Ela acrescenta que seus ensinamentos se resumem às técnicas mista (com utilização de materiais como folhas secas, papel, areia, tecido, barbante e outros) e acrílica, com uso apenas de tinta de várias cores. Jomapina dá aulas há cinco anos no Projeto Art Luz (Parque Aeroporto). Nesse espaço de tempo, cerca de 250 pessoas já aprenderam pintura com ela, que atua no pólo da Igreja São José Operário.
Segundo a professora de ginástica, Josiane Jardim, que tem mais de 90 alunas, com idades entre 20 e 50 anos, existe uma integração muito sincera entre ela e suas alunas. Sua filosofia é a mesma da antiga Roma: “Mens sana, in corpore sano”. Ou seja: Mente sã em corpo são. “Minha finalidade é o encontro com a saúde física e mental, além do estimulo à sociabilidade”, conta. Ela dá aula de ginástica no Art Luz há três anos e sua aluna Adriana Fagundes, recepcionista de 33 anos, diz que, através das aulas, sente uma verdadeira terapia: distração, bem estar e cabeça arejada.
Ensinando bateria e percussão há dois anos no bairro para mais de 20 alunos, cuja média de idade é de 14 anos, o professor Sandro Bahia Fernandes frisa que procura orientar e encaminhar para a vida e para a sociedade os seus alunos, por intermédio da música, para atingir esse fim. “Muitos alunos já tocam bateria profissionalmente ou espiritualmente (em igrejas). O valor das aulas transcende o momento técnico, atingindo importância significativa em muitas vidas. Sinto-me alegre e realizado, pois alguns encontraram em minhas aulas apoio e estrutura psicológica que faltavam em suas famílias”, finaliza Sandro.