O Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com o Departamento de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), está desenvolvendo em Macaé o projeto piloto de "Reciclagem da Fração Mineral de Entulho de Construção e Demolição", que tem como objetivo o combate à poluição ambiental e a redução dos custos da habitação popular.
O projeto vai auxiliar o município a definir um plano de gerenciamento de resíduos, além de criar condições para a implantação de usinas de reciclagem de resíduos, visando melhor qualidade aos agregados minerais. A conclusão do estudo técnico-científico, vai disponibilizar ao município uma base de dados para a elaboração do plano de gerenciamento de resíduos, e fornecer procedimentos e indicativos para classificação, triagem, áreas de deposição e melhor forma de transporte desses materiais.
A proposta do trabalho é agregar valor e qualidade às sobras de concreto, argamassa, cerâmica, brita, e tijolos e outros materiais derivados da indústria de mineração. "No panorama nacional, as usinas, de um modo geral, têm sistemas de controle insipientes e de eficácia questionável. Não existe estudo preciso que sirva de modelo para orientar o controle de qualidade de processo dessas usinas, a eficiência vai depender das características de cada região", explica o pesquisador da USP, Sérgio Angulo. Cerca de 90% dos entulhos de obras podem ser aproveitados nas usinas, e os 10% restantes reutilizados em outros processos de reciclagem. "O controle eficiente de resíduos permite abrir mercado de agregados reciclados", completa o pesquisador.
A equipe executora do projeto esteve em Macaé esta semana para identificar pontos de descarte e geradores de resíduos, e colher amostras para dar início à pesquisa. Antes do trabalho de campo, representantes do Centro de Tecnologia Mineral estiveram na cidade para assinar convênio com a prefeitura e se reunir com a Câmara Temática de Resíduos do Plano Diretor. O trabalho tem o acompanhamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, órgão que vai elaborar um plano de gerenciamento de resíduos específico para a cidade.
O município de Macaé produz uma média de 100 toneladas/dia de resíduos da construção civil e demolição, em função da urbanização ativa e da expansão imobiliária impulsionada pela indústria do petróleo. "A reciclagem da fração mineral de entulho de obras é capaz de promover, em primeiro lugar, um ganho ambiental muito grande, e ainda, um imenso impacto social", garante o engenheiro metalurgista e coordenador de Processos Minerais do Cetem, Salvador Luiz de Matos Almeida.
A resolução nº 307, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), determina a separação da fração mineral do entulho resultante de demolição, e a reciclagem, estabelecendo diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil, que é uma atribuição dos municípios. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Caixa Econômica Federal (CEF) irão destinar R$ 360 mil para aplicação do projeto em todo território nacional. Além de Macaé, o projeto piloto será desenvolvido nas cidades de São Paulo e Maceió.