A orquestra de choro Viriato Figueira da Silva apresentou-se na noite desta quarta-feira (15), no corredor cultural Benedito Lacerda, em frente ao Bar Bico da Coruja, atrás do Mercado de Peixes. Regidos pelo músico Jean Macahe, os 25 componentes da orquestra animaram as cerca de 150 pessoas presentes no local, que ouviram músicas, dos compositores chorões Pixinguinha, Álvaro Sandim e, é claro, do macaense Benedito Lacerda. O grupo musical está vinculado ao Conservatório Macaé de Música da Fundação Macaé de Cultura (FMC), que promoveu a semana Benedito Lacerda, em Macaé.
“Queremos mostrar para a juventude que o choro está vivo”, afirmou Jean. Segundo o coordenador do Conservatório, o músico Lúcio Duval, é muito importante resgatar a música brasileira mais autêntica. Ele disse que assim como o jazz está para os Estados Unidos, o choro está para o Brasil. “O choro tem harmonia e melodia muito bem elaboradas. A música, juntamente com nossas raízes, está perdendo espaço, devido à cultura de simplificação que estamos vivendo”, explica. Ele acrescentou ainda que a FMC está fazendo o melhor através da divulgação deste estilo musical.
O músico mais jovem da Viriato Figueira da Silva, Caio da Costa Porto, de 13 anos, disse que está na orquestra há sete meses, tocando flauta transversa, e consegue acompanhar os músicos mais velhos e experientes. Já o saxofonista Nelson Emerick é o componente mais idoso, com 61 anos. Aposentado, tendo trabalhado 27 anos como eletricitário, dedica atualmente boa parte de seu tempo à música.
De acordo com o bancário Edson Dias de Assis, o músico para ser músico deve saber tocar chorinho. É que este estilo tem uma “maldade musical”, através da qual é necessário muito conhecimento para executá-lo. Esta também é a opinião do advogado Júlio César Marques de Carvalho. Ele disse que o choro tem grande riqueza de notas musicais (tons e semi tons). Ambos tocam no grupo Bico da Coruja, que se apresenta no bar todas as quartas-feiras à noite e prestigiaram a apresentação da orquestra.
“O chorinho ficou muito tempo parado, quando vimos o apogeu de outros estilos, mas agora está retornando”, comenta Edson. Enquanto Júlio diz que este evento reconhece o fato de no Bar Bico da Coruja haver envolvimento com esta música há 22 anos. “Valorizamos o choro, cuja origem é 100% brasileira. O samba tem raízes africanas”, conclui.
O regente
O regente da orquestra de choro Viriato Figueira da Silva, o músico Jean Macahe, de 27 anos, tem um currículo no qual há muito envolvimento com o choro. Atualmente, ele é professor de flauta transversa do Conservatório Macaé de Música (CMM) e da Sociedade Musical Nova Aurora. Estuda música desde os oito anos de idade.
Já participou de oficina de choro, com Álvaro Carrilho, na Lapa (Rio de Janeiro). Também estudou este estilo com Andréa Ernest Dias, na cidade de Morrete (PR). O resultado de sua experiência é levar esta música para os alunos do Conservatório e da Nova Aurora, cujos alunos compõem a Viriato Figueira da Silva.
Em Macaé, ele faz parte do quinteto “Conversa Comigo” e do grupo de samba “Rasteira em Cobra”, em ambos participa tocando flauta transversa. Jean faz solicitação às empresas públicas e privadas para que apóiem a orquestra de choro. “Queremos lançar nosso primeiro CD”, avisa.