Foto: Maurício Porão
A atividade contou com apoio da prefeitura e foi promovida no auditório do Sindipetro-NF
As celebrações pelo Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro) já começaram, em Macaé. Na manhã desta quarta-feira, o auditório do Sindipetro-NF, no Centro, recebeu um público variado para tratar sobre os diversos aspectos que envolvem o tema e os serviços de saúde mental em uma mesa de conversa . O evento, que conta com o apoio da prefeitura, é organizado pelo Coletivo Ivone Lara, que atua no município.
A mesa abordou os seguintes temas: ‘Saúde Mental dos Petroleiros’, ministrada pelo coordenador de Formação do Sindipetro-NF, conselheiro de Saúde de Macaé e diretor nacional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Benes Júnior; ‘Cuidar Saúde Mental – o mistério e o encantamento’, pela doutora em Saúde Coletiva e antropóloga, Fátima Lima; ‘Saúde Mental na Atenção Básica e os Desafios da Atualidade’, pelo médico de Família/SUS, há 29 anos, e preceptor do Internato de Medicina da UFRJ, Luiz Carlos Braga e ‘Arte Militante: entre a revolta e encantamento na Saúde Mental’, pelo doutorando do Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e terapeuta ocupacional da Rede de Atenção Psicossocial/SUS de Macaé e Rio das Ostras, Júlio Alves.
Terapeuta ocupacional e representante do Coletivo Ivone Lara, Sueli Benante, acredita que é através de diálogos que se proporciona trocas e falas em todos os aspectos, cultura e atenção básica.
“Com as redes sociais digitais, cada vez mais conversamos pouco uns com os outros. E é bom nos unirmos para falar. Em algum momento da vida, passaremos por alguma decepção, alguma perda, divórcio, trauma, e precisaremos de apoio na saúde mental, alguns mais, alguns menos. Também lutamos contra o preconceito que ainda é grande”, ressalta.
“De uns anos para cá, criou-se dentro de mim uma luta muito grande da gente pensar mais em saúde e menos em doença. Eu estou há 22 anos em Macaé, e por três vezes eu passei por cargos de gestão. E sempre foi muito difícil tentar colocar essa ideia da promoção de saúde em lugar de simplesmente estar pronto quando alguém adoecesse. Eu sempre luto para que o SUS chegue às pessoas antes que elas adoeçam. É claro que as pessoas vão adoecer e a gente tem que estar preparado para isso, mas a gente tem que estar preparado para promover saúde. E promover saúde não passa necessariamente por um atendimento de questões de doença, e essa é uma luta nossa que a gente trava já há algum tempo”, acredita.
“Estou ligada a ela a partir de outras lutas que eu travo junto da comunidade negra, junto das mulheres negras, junto da população LGBTQIAPN+. Essa sociedade que a gente vive, racista, LGBTfóbica, que tem raiva das mulheres, com muita desigualdade social, econômica e principalmente racial, ela adoece profundamente a gente. Também acredito profundamente nas pequenas mudanças da vida e que a gente pode fazer. Quero defender aqui que a condição de viver em sofrimento psíquico, em padecimento mental, sei lá, faz parte da vida”, observa Fátima.
“Já são 22 anos sendo atendido e voltei a ter dignidade. Costumo dizer que o corpo tem loucura e loucura tem corpo. O paciente de doença mental também tem doenças físicas e precisa ser acolhido e precisamos de autonomia”, defende.