Começa nesta segunda seminário sobre Clarice Lispector

14/05/2007 13:44:16 - Jornalista: Janira Braga

Começa nesta segunda-feira (14), no Teatro Municipal de Macaé, o seminário e exposição “As faces de Clarice Lispector”, sobre uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos. Utilizando o tempo psicológico em seus romances e contos, desde o primeiro livro, “Perto do Coração Selvagem”, Clarice Lispector deu início na década de 1940 a uma literatura inovadora no Brasil, com ênfase na subjetividade e no fluxo de consciência.

O seminário “As faces de Clarice Lispector” começa às 18h desta segunda, com a palestra “Clarice segundo Clarice”, ministrada pela pós-doutora Vilma Arêas, em cima de seu livro, que divide a obra literária de Clarice em duas fases: a obra das entranhas e da ponta dos dedos. A divisão que Vilma pontuou se deve a uma declaração que Clarice certa vez fez: “Eu que escrevia com as entranhas, hoje escrevo com a ponta dos dedos”. A palestra da pós-doutora terá foco nas obras de Clarice “Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres”, “A Hora da Estrela” e “A Via Crucis do Corpo”.

Às 19h45 será exibido o filme “La Strada”, de Federico Fellini, que segundo o livro “Clarice Lispector na ponta dos dedos”, de Vilma, tem na personagem Gelsomina semelhanças com Macabéa, a protagonista de “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. O primeiro dia de evento se encerra com um debate sobre o filme e a obra clariceana.

No segundo dia de seminário (terça, 15) será exibido às 18h “A Hora da Estrela”, filmado por Guel Arraes com Jorge Furtado e Regina Casé. Em seguida será promovido um debate e às 20h30, a homenagem “Ave, Clarice”, para o encerramento dos trabalhos. O convite para o seminário custa R$ 8 por dia e está a venda na Casa do Livro e na bilheteria do Teatro Municipal.

Maioria das protagonistas de Clarice são mulheres

As rupturas como forma de salvar a própria vida começam a ser exploradas por Clarice desde “Perto do coração selvagem”. Na juventude, Clarice formou-se em Direito – embora não tenha exercido a profissão – e passou a escrever colunas em jornais. Aos 23 anos, casada com o diplomata Maury Gurgel Valente, é obrigada a viajar para a Europa, acompanhando o trabalho do marido. Em 1944, a escritora conclui seu segundo livro, “O Lustre”, que também tem como protagonista uma mulher.

Aliás, o único livro de Clarice que não tem como personagem principal uma figura do sexo feminino é “A maça no escuro”, cujo protagonista é Martin, explorado de forma psicológica em todo o romance no desencadear de uma série de mudanças no enredo intimista da personagem.

Por toda a riqueza na obra de Clarice e a forte abordagem do fluxo de consciência que a escritora desenvolveu, certa vez Clarice pediu a Vinícius de Moraes: “Faça um poema, mas faça agora mesmo”. Ele respondeu que o poema tem dois versos, uma palavra em cima e outra embaixo. E é assim:
Clarice
Lispector.