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Congresso de Limnologia discute futuro da água no planeta

25/08/2007 11:10:28 - Jornalista: Simone Noronha

Numa época em que o aquecimento global preocupa todos os países do mundo, a Limnologia desponta como a ciência ambiental do futuro. Este é um dos temas que estão sendo discutidos pelos 1,5 mil participantes de todo o país no XI Congresso Brasileiro de Limnologia, aberto na noite desta sexta-feira (24) no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho, em Macaé. O evento conta com apoio total da prefeitura de Macaé, e até aproxima terça-feira (28), terá a apresentação de 750 trabalhos científicos, 14 conferências e 20 mesas-redondas.

Na cerimônia de abertura do evento, representando o prefeito Riverton Mussi, o secretário especial de Desenvolvimento Local, Jorge Azizi, deu as boas vindas aos participantes do Congresso, lembrando que o município dispõe de toda infra-estrutura necessária para atender bem os visitantes.

- A realização de um evento como este em Macaé muito nos honra, e consolida a política ambiental do município, disse Jorge Aziz. Ele lembrou ações importantes da prefeitura na área ambiental, como o apoio constante do Nupem – cujo prédio foi construído com recursos do município – e a criação de novas áreas de preservação ambiental, como o Parque Atalaia, que vai sediar o projeto Rio Macaé Sustentável.

Presidente da comissão organizadora do evento e coordenador do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (Nupem), o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Esteves, lembrou que o evento só está sendo realizado pelo apoio da prefeitura, que desde o primeiro momento abraçou a idéia, e da Petrobras. De acordo com ele, o tema escolhido para o Congresso deste ano – “Limnologia: integrando ciências aquáticas e a comunidade” – não poderia ser mais apropriado.

- O Congresso representa um momento muito especial para todos que se preocupam com o futuro do nosso planeta. Por isso, a importância de, pela primeira vez, um congresso científico abrir suas portas para a comunidade local. Queremos chamar a atenção de todos para a importância cada vez maior de preservarmos os nossos recursos hídricos, indispensáveis para a vida no planeta. Aí entra a importância da Limonologia como ciência que está discutindo soluções para uma melhor preservação dos recursos hídricos, comentou Esteves.

Durante seu discurso na abertura do evento, Francisco Esteves lembrou que em todo o país os ecossistemas urbanos estão sobre forte impacto ambiental. “A água é um recursos natural fundamental à existência de vida no planeta. Mas maienira com que cuidados deste bem tão precioso tem que ser revista. No Brasil, enquanto uma família de quatro pessoas gasta em média 380 litros de água por dia, no Nordeste, o consumo é de apenas 20 litros diários”, ressaltou.

O presidente da Sociedade Brasileira de Limnologia (SBL), Ricardo Mota Coelho, lembrou que o Congresso marca também a comemoração dos 25 anos de fundação da entidade, que é hoje uma das mais respeitadas na comunidade científica internacional. “Percebemos que, desde a década de 90, está sendo observado um aumento na qualidade dos trabalhos científicos produzidos no país. Hoje, a Limnologia tem um papel muito importante na produção acadêmica brasileira”, comentou.
Água, fonte da vida

Presidente do Instituto de Biologia da UFRJ, a professora Maria Fernanda Quintela lembrou que a célebre frase dita pelo primeiro homem a ir ao espaço, Yuri Gagarin – “A Terra é azul” – corre o risco de mudar se medidas urgentes não forem tomadas. “A Terra só é azul por causa da água, e o mundo não está cuidando bem dela.

De toda a água do planeta, apenas 2,5% é doce. Desse total,, somente 0,3% está nas bacias hidrográficas. E o consumo só está aumentando, sem que se cuide bem da preservação destes recursos”, afirmou. A professora lembrou que o Brasil, apesar de ter 16% das reservas mundiais de água doce, não usa bem os seus recursos, que são mal distribuídos e mal cuidados.

- Estou aqui para aplaudir a iniciativa deste Congresso, que pela primeira vez se realiza no Estado do Rio. O fato de trazer a comunidade para discutir junto com a comunidade científica um tema tão importante como este é uma proposta rara e inovadora, que com certeza vai contribuir para ajudar a conscientização de todos em relação à preservação dos recursos hídricos, comentou.

O gerente de Saúde, Meio Ambiente e Segurança da Petrobras na Bacia de Campos, Cremilson Rangel, ressaltou a parceria da Petrobras com as causas ambientais ao longo dos anos, em especial com os projetos do professor Francisco Esteves, como o Eco Lagoas, que há 10 anos leva educação ambiental para a comunidade. “Tenho ceretza de que, daqui deste Congresso, com um platéia tão jovem, sairão 1,5 sementes para que nosso planeta tenha um futuro melhor”, afirmou.