Foto: Paulo Tinoco
Município possui mais de 400 espécies, uma riqueza para os observadores destes animais
Observar pássaros pode ser, para alguns, um hobby comum, sem nada de especial. Mas, em Macaé, cidade que abriga em sua fauna mais de 400 espécies diferentes de aves, esta atividade – também conhecida no mundo como birdwatching (observar pássaros, em inglês) - vai muito além do que apreciar as belezas da natureza: é sim mais uma ferramenta de preservação do meio ambiente.
Diversos cidadãos praticam a observação de aves, uma atividade ecológica, com o objetivo de registrar e coletar dados sobre animais em seu habitat natural, evitando interferir no seu comportamento ou ambiente. A prática é mais comum em países europeus e nos Estados Unidos, mas, no Brasil, o índice de participantes tem aumentado significativamente.
Para ser um observador ou birdwatcher é relativamente simples: basta ter um olhar sensível, um bloco de papel e lápis ou utilizar um equipamento mais completo, com câmera fotográfica, filmadora ou binóculo. O resto é disposição para ser guiado pelo espetáculo que a natureza irá proporcionar.
Em Macaé, a observação de aves é praticada por pessoas de diferentes áreas de atuação – independente de relação direta com a biologia. O Parque Municipal Atalaia, por exemplo, é uma das áreas ideais para este tipo de atividade, pois abriga em sua fauna diversas espécies, incluindo aves de extraordinária beleza e também ameaçadas de extinção. Pássaros como o Martin-Pescador-Grande, o Arapaçu-escamado ou o Sanhaçu-de-Fogo já foram encontrados em nossa cidade.
“A prática de se observar as aves é saudável não só para as pessoas, por conta deste contato direto com a natureza, mas também tem extrema importância para o meio ambiente. Ao identificar e registrar as aves, os observadores apontam também aquelas que estão sob ameaça de extinção e que exigem maior cuidado por parte de todos”, analisou o secretário de Ambiente de Macaé, Gerson Lucas Martins.
Ainda segundo o secretário, a atividade traz consigo a mensagem de que os animais devem ser observados soltos na natureza, em seu habitat natural. “É uma contribuição ao ecoturismo, levando pessoas a um contato direto com o ambiente, além de gerar economia para estes locais de visitação. Como dizemos na secretaria, é preciso ‘conhecer para preservar’”, destacou Gerson.
Adeptos à prática contam suas experiências
O ambientalista Paulo Tinoco é um dos observadores de Macaé. Ele, que está finalizando um site dedicado a divulgar as espécies de pássaros da região, contou como começou esta paixão pelas aves. “Elas fazem parte de minha vida desde a infância. Meu pai as tinha em casa e, por conta disso, cresci com esse hábito de tê-las em gaiola. Já adulto, comecei a me sentir incomodado com aquela situação de ver os bichos que tanto gosto numa gaiola e travei certo embate particular entre a emoção - que não queria se afastar das aves - e a razão, que me dizia que aquilo não era correto. Aos poucos entendi que se tratava de egoísmo de minha parte”, disse.
Hoje, Paulo Tinoco tem uma abordagem mais aprofundada sobre a atividade, que aponta para a importância do meio ambiente. “Mais do que observar, eu faço um estudo destes animais. Eu tenho um levantamento das aves da cidade, onde eu registro as espécies. Hoje, Macaé tem 448 espécies de pássaros documentadas e ainda temos mais de 80 aves listadas que estamos à procura. Alguns deles estão exclusivamente em nossa região. Estudar os pássaros, para mim, é uma forma de preservar o meio ambiente”, contou.
Outro adepto desta prática é o biólogo Alexandre Mendes da Silva. Amante da fotografia e pintura, Alexandre começou a observar aves há cinco anos de forma despretensiosa. Hoje, retrata por meio da arte a beleza do que vê. “Eu fui me aperfeiçoando ao longo dos anos. Procurei estudar um pouco mais sobre as espécies e observei o impacto delas junto ao meio ambiente”, contou.
Alexandre ainda dá uma dica para quem se interessou nesta temática: “Para quem está querendo começar a ser um observador de aves, eu sugiro o máximo de acuidade com o meio ambiente. Queira não somente olhar por olhar, mas analisar o pássaro e o seu entorno como um todo”, completou.
Macaé tem diversas regiões ideais para observação de aves
Em Macaé, diversas áreas são recomendadas para a observação das aves. Uma delas é o Parque Municipal Atalaia, localizado no Distrito de Córrego do Ouro, na Região Serrana. O Parque possui uma equipe técnica da secretaria de Ambiente, apta para auxiliar os visitantes com informações e dicas para o observador amador.
“O nosso Parque Atalaia é recomendado também para as universidades que queiram fazer pesquisas de campo diversas, não só para a observação de aves. Uma equipe está de prontidão para orientar os visitantes”, informou o secretário de Ambiente, Gerson Lucas Martins.
Outra área recomendada é a Área de Proteção Ambiental (APA) do Sana, localizado também na Região Serrana de Macaé. “A APA do Sana foi criada com o objetivo de preservar e proteger a fauna, a flora e possui uma beleza natural que impressiona. É ideal para quem quer registrar e conhecer a natureza”, destacou o secretário.
Mas para quem não quer se deslocar para a região serrana, a outra dica é exercer a atividade em praças e praias da cidade, ou mesmo eu seu próprio quintal. Aves são atraídas por árvores que dão abrigos e alimentos. Ainda que sem um grande acervo de espécies, a observação em áreas urbanas é ideal para se analisar o comportamento e rota destes animais.
Dicas para um observador de aves
- A observação pode ser feita em qualquer época do ano, mas é na primavera que as aves estão mais ativas e se expõem mais ao contato visual e auditivo;
- Acorde cedo, a maioria das aves são mais ativas nas primeiras horas do dia;
- Preserve o silêncio, para sua concentração;
- Tente uma aproximação cuidadosa;
- Exercite a paciência e seja perseverante;
- Leve sempre consigo um bloco de anotações e um lápis;
- Use roupas adequadas e carregue consigo água, protetor solar e repelente;
- E, principalmente, respeite o meio ambiente.